Título: PT paulistano faz acordo com 'Centrão' para isolar PSDB
Autor: Ilton Caldeira
Fonte: Valor Econômico, 19/11/2004, Política, p. A-8

Na tentativa de isolar o PSDB na Câmara Municipal de São Paulo, garantir maioria aos partidos de oposição à futura administração tucana, além dos principais cargos na Mesa Diretora do legislativo paulistano, os vereadores do PT assinaram ontem um documento que prevê a atuação em conjunto com os vereadores do chamado G-16, ou Bloco do Centrão, formado pelo PP, PMDB, PL e PTB. O bloco é composto por vereadores reeleitos e por parlamentares que cumprirão, a partir de 2005, o primeiro mandato na Câmara por essas legendas. Dos 13 vereadores eleitos pelo PT para a gestão 2005-2008, apenas Carlos Giannazi não assinou o documento por discordar da postura adotada pela bancada petista. De acordo com Giannazi, o alinhamento com os vereadores do Centrão é um erro grosseiro. De acordo com o líder do PT na Câmara, vereador Francisco Chagas, o entendimento com outros partidos busca reafirmar a autonomia do legislativo, a garantia do voto aberto, além de preservar as conquistas da gestão da prefeita Marta Suplicy na área social. "Queremos uma oposição consistente, que seja a maioria. Essa iniciativa também tem como objetivo o controle da Mesa Diretora para assegurar a independência dos parlamentares", afirmou. "Esses partidos não têm nenhuma identidade política e ideológica com o PT. Defendo a candidatura própria para a presidência da Câmara, sem essa atitude incoerente que representa mais um erro de quem não quer assumir a culpa pela derrota nas eleições", disse Giannazi. O vereador reeleito Ricardo Montoro (PSDB) classificou a iniciativa que pode excluir os representantes do futuro governo da Mesa Diretora da Câmara como autoritária e antidemocrática. Montoro disse por meio de sua assessoria que só irá se pronunciar formalmente depois de ler a íntegra do documento assinado pelo PT e o Centrão. O vice-prefeito eleito na chapa PSDB, PFL, PPS, Gilberto Kassab, disse ao Valor que não comentaria o caso e que aguarda a indicação pelo prefeito eleito do coordenador político que será o responsável pelo relacionamento entre o executivo e o legislativo paulistano. O grupo formado pelos 12 vereadores do PT que assinaram o documento, somados aos 16 parlamentares do Centrão, terão a maioria simples na Câmara, que tem no total 55 parlamentares. A base do governo tucana contará com o apoio de 22 vereadores, sendo 13 do PSDB, 3 do PV, 2 do PDT, 2 do PFL e 2 do PPS.