Título: Cancún demora para se recuperar dos efeitos do furacão Wilma
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Fonte: Valor Econômico, 30/01/2006, Internacional, p. A9

Três meses depois que o furacão Wilma esteve hospedado em Cancún por dois dias - com um efeito devastador -, o maior refúgio de lazer turístico mexicano recuperou só 50% de sua atividade. A cidade propriamente dita parece normal, com serviços públicos restaurados e quase todo o comércio novamente em atividade. Mas a importantíssima zona hoteleira no litoral está, nas palavras de um hoteleiro, "como terra arrasada - há guindastes, poeira e atividades de reconstrução por toda parte". De acordo com Javier Aranda, um funcionário público do setor de turismo, apenas 11 mil dos 27,5 mil quartos de hotel existentes em Cancún estão hoje em condições de receber hóspedes. Mas a maioria deles fica em áreas mais baratas na cidade. A zona hoteleira, onde estão estabelecidos os refúgios de lazer mais mais sofisticados, sofreram o impacto total do mar e da tempestade. Lá, até 90% dos quartos estão fechados. Só uma discoteca está aberta. Muitos restaurantes e shoppings estão fechados por falta de clientela. O movimento no comércio é de 30% do normal. Na ilha de Cozumel, próxima de Cancún, os três atracadouros do que já foi um dos mais movimentados portos para cruzeiros em todo o mundo foram destroçados. O primeiro deles estará reformado em setembro, mas o terceiro não estará operacional até maio de 2007. Os iates estão novamente parando em Cozumel, mas desembarcando seus passageiros por meio de lanchas e menos pessoas se dispõem a desembarcar. Além dos US$ 2 bilhões gastos nas obras de reconstrução, Aranda estima que o furacão Wilma está custando à área US$ 150 milhões por mês em receitas perdidas de turismo. Surpreendentemente, poucas das cerca de 300 mil pessoas com empregos no turismo estão sem trabalho. Alguns funcionários de grandes redes foram realocados a hotéis em outras cidades; outros estão empregados em obras de construção civil. A reconstrução, que agora está em atividade febril, demorou a decolar por causa de atrasos na liberação de indenizações por seguradoras. Apenas 30% do dinheiro devido aos empresários locais já foi pago, diz Kit Bing Wong, da associação de operadores de restaurantes. Muitos hotéis estão aproveitando a oportunidade para tocar suas reformas. O governo do México alocou US$ 20 milhões a uma operação de dragagem para trazer areia do mar e recompor as danificadas praias de Cancún. As praias devem estar recuperadas apenas no final do mês de abril.