Título: Combustíveis mantêm pressão em novembro
Autor: Raquel Salgado
Fonte: Valor Econômico, 19/11/2004, Especial, p. A-12

Os índices de inflação de meados de novembro foram impactados pelo reajuste nos preços dos combustíveis. Em São Paulo, o índice de preços ao consumidor (IPC) da Fipe teve alta de 0,68% na segunda quadrissemana deste mês, acima do 0,65% da medição anterior. E o IGP-M, da Fundação Getúlio Vargas (FGV), saltou de 0,12%, na segunda prévia de outubro, para 0,60% na segunda prévia de novembro. Só o grupo transportes, que subiu 1,72% foi responsável por 0,27 ponto percentual do IPC da Fipe. Ainda assim, os preços do álcool e da gasolina subiram menos do que na última prévia. A alta do álcool foi de 11,61%, menor do que os 15,45% da primeira quadrissemana do mês. O preço da gasolina subiu 3,7%, também inferior aos 4,8% do levantamento anterior. "Nossa preocupação era uma aceleração maior dos preços, o que não ocorreu. Por isso, é possível que os postos comecem a dar descontos", disse o economista Paulo Picchetti, responsável pela pesquisa de preços da Fipe. As indústrias de alimentos não tiveram fôlego para continuar aumentando suas margens de lucro a passos largos. A alta dos produtos industrializados, que foi de 0,67% na prévia anterior, ficou em 0,46%. Em queda estiveram os preços do tomate (20,63%), arroz (4,02%), leite longa vida (3,09%) e cebola (14,76%). Em alta ainda aparecem produtos como feijão, que ficou 11,98% mais caro por causa de problemas de safra.

Por outro lado, a cesta de produtos industrializados calculada pela Fipe subiu de 0,69% para 0,85% nesta segunda quadrissemana. Segundo Picchetti, isso indica que o repasse do atacado para o varejo ainda ocorre e deve estar em torno de 50%, acima dos 40% verificados durante o primeiro semestre do ano. Os demais grupos pesquisados apresentaram as seguintes variações: vestuário (0,76%), habitação (0,71%), despesas pessoais (0,71%), saúde (0,42%), alimentação (0,07%) e educação (0,07%). Os preços dos alimentos in natura acentuaram a queda e a deflação nesta prévia foi de 2,81%, acima da queda de 2,62% da semana anterior, ajudando a equilibrar a alta de combustíveis. A expectativa da Fipe é de que a inflação de novembro feche em 0,6%, acima da média mensal de 0,4% esperada pela entidade para os quatro últimos meses do ano - antes dos aumentos dos preços dos combustíveis. Para o ano, a projeção se mantém em 6,5%. O IGP-M, calculado pela FGV também subiu, passando para 0,60% na segunda prévia de novembro, ante 0,12% no mesmo período de outubro. No ano, o IGP-M acumula alta de 11,35% e, nos últimos 12 meses, de 12,03%. O índice de preços no atacado, que representa 60% do IGP-M, saltou de 0,06%, na segunda prévia de outubro, para 0,68% na segunda de novembro. O IPC, com peso de 30% no IGP-M, ficou em 0,25% na segunda prévia, ante a deflação de 0,04% em outubro. O índice nacional de custo da construção manteve a alta de 0,91%. No varejo, as maiores pressões vieram da gasolina (alta de 3,74% ante queda de 0,66% na segunda prévia de outubro); telefone residencial (1,90% ante 0,43%), e álcool (8,83% ante 0,77%).