Título: Ferrugem deve fazer consumo de fungicida aumentar 25% no MT
Autor: Cibelle Bouças
Fonte: Valor Econômico, 30/01/2006, Agronegócios, p. B12

Insumos

O avanço da ferrugem da soja sobre as lavouras nesta safra está fazendo com que os produtores ampliem o consumo de fungicidas no Mato Grosso. Na safra 2004/05, foram comercializados no Estado cerca de 5 milhões de litros do produto, estimam indústrias de defensivos. Para a safra atual, a estimativa é de que a demanda chegue a 6,2 milhões de litros, segundo a Fundação Mato Grosso. Enquanto na safra passada os produtores faziam de 1,5 a duas aplicações de fungicida (perfazendo um volume 750 mililitros a 1 litro por hectare), nesta temporada estão sendo feitas duas a três aplicações, ou até quatro em regiões mais afetadas pela ferrugem, como Primavera do Leste, Rondonópolis e Campo Novo dos Parecis. Luiz Fernando Manzano, coordenador de projeto em Mato Grosso da Bayer Cropscience, diz que nessas regiões e nas que fazem plantio da soja na safrinha em áreas irrigadas com pivôs centrais, o consumo de fungicidas cresceu. "Mas em outras regiões, como Sorriso e Nova Mutum, os produtores estão consumindo menos fungicidas. Na média, o consumo no Estado teve crescimento pequeno." Ele afirma que o volume de vendas está um pouco maior que em 2005, mas não divulga números. Manzano informa que baixou os preços dos produtos em torno de 9%, mas que esse valor será compensado pelo aumento de vendas. Uma fonte de outra indústria de defensivos confirma que o volume de vendas está maior do que no ano passado, ficando perto da média de 2004, quando o excesso de chuvas facilitou o avanço da ferrugem. Naquele ano, o volume de fungicida empregado no Estado chegou a 6,2 milhões de litros. Elton Hamer, produtor de soja em Sorriso (MT), diz que na região médio norte do Estado, muitos produtores estão fazendo pelo menos três aplicações de fungicida para conter a ferrugem. O custo, segundo ele, fica em torno de US$ 50 por hectare para duas aplicações de fungicida, ou US$ 0,90 por saca de soja colhida, que na sexta-feira era comercializada no município a R$ 18 por saca (US$ 7,82). "Mais que três aplicações encarecem muito o custo de produção e trazem perdas de produtividade porque o produto queima a folha da soja", observa Hamer. Dario Hiromoto, diretor superintendente da Fundação MT, estima que o número de aplicações nesta safra ficará em 2,5 aplicações (ou 1,25 litro por hectare), o que geraria um consumo no Estado próximo a 6,2 milhões de litros de fungicida. Segundo o Sistema de Alerta da Embrapa, há 18 regiões no Estado com focos de ferrugem da soja. No Brasil, já foram identificados 618 focos. Hiromoto oberva que a ferrugem surgiu com um mês de antecedência em relação a 2005. "O produtor está tendo que gastar mais com fungicidas. Em muitos casos, tem fazer três a quatro aplicações", diz. Segundo ele, já há casos de produtores que abandonaram a lavoura porque a produtividade estava comprometida. As áreas mais atacadas no MT, segundo ele, são as que plantaram soja precoce, como Serra da Petrolina, Sapezal, Primavera do Leste e Sinop.