Título: EUA e inflação norteiam negócios na Bovespa
Autor: Sergio Lamucci
Fonte: Valor Econômico, 30/01/2006, Finanças, p. C2

Dados de inflação no Brasil e o rumo da política monetária nos Estados Unidos devem nortear as decisões de investimentos na Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) nesta semana. Em meio ao forte fluxo de capital externo para os ativos locais, a reunião do Comitê de Mercado Aberto (FOMC, na sigla em inglês), amanhã, a última sob o comando de Alan Greenspan no Federal Reserve (Fed, o banco central americano), pode dar a temperatura dos negócios, especialmente após a expansão decepcionante do PIB no 4º trimestre. O número, divulgado na sexta-feira, apontou expansão anualizada de 1,1% da atividade econômica americana no quarto trimestre, bem abaixo dos 2,8% esperados pelos analistas. O enfraquecimento da economia deu força ao discurso de que o ciclo de aperto monetário nos EUA pode chegar ao fim. Também amanhã será realizada a reunião da Opep, encontro que ganha ainda mais importância em tempos de alta das cotações do petróleo. No Brasil, a divulgação do IGP-M, hoje, e do IPC da Fipe/USP, na sexta - ambos referentes a janeiro -, são os principais números que constam na agenda da semana. Na sexta-feira, o Ibovespa recuou 0,51% e perdeu a sua nova marca histórica, conquistada na véspera, acima de 38.000 pontos, encerrando com 37.822 pontos. O giro financeiro somou R$ 3,119 bilhões. Na semana, a valorização atingiu 3,07%, e, no mês, o ganho acumulado é de 13,05% O último pregão foi especialmente agitado pelo anúncio de que a maior fabricante de aço do mundo, a Mittal Steel, propôs pagar 18,6 bilhões de euros para adquirir a Arcelor, segunda maior empresa do setor, o que resultaria numa companhia com valor de mercado de US$ 40 bilhões. A siderúrgica controla a Belgo-Mineira - dona de usinas em Minas, São Paulo, Espírito Santo e Argentina -, a Companhia Siderúrgica de Tubarão (CST), e, a laminadora Vega do Sul . A empresa também tem proposta para comprar o controle da Acesita. A perspectiva de seu faturamento neste ano é de R$ 13 bilhões a R$ 14 bilhões no país. Por aqui, a notícia resultou em uma forte valorização das ações do setor. Os papéis PN da Arcelor Brasil subiram 14,23% (R$ 32,90); as ações ON da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) avançaram 5,29% (R$ 60,01), enquanto as preferenciais da Acesita avançaram 3,07% (R$ 33,15). "Boa parte dos grandes investidores estavam no setor de siderurgia com alocação abaixo da média de mercado. Com a notícia da Mittal, a perspectiva é de que outros acordos venham a movimentar o setor, inclusive no Brasil, o que aumenta a perspectiva de ganhos para esses papéis", avaliou Maurício Gallego, analista de Renda Variável da Link Corretora. André Castro, gestor de Renda Variável da SulAmérica Investimentos, observou uma certa cautela dos investidores, já pela proximidade da reunião do FOMC.