Título: No Rio, segurança pública é ponto vulnerável para Anthony Garotinho
Autor: Cristiane Agostine
Fonte: Valor Econômico, 31/01/2006, Política, p. A5

A segurança pública continua sendo um ponto vulnerável à imagem do ex-governador do Rio de Janeiro, Anthony Garotinho, que disputa com o governador gaúcho Germano Rigotto a candidatura presidencial do PMDB. Na administração da mulher, a governadora Rosinha Matheus, o índice de homicídios dolosos voltou a subir este ano, terminando uma trajetória de queda que vinha desde 2002, quando o índice de vítima por 100 mil habitantes foi de 46,1. Fechou 2005 com 42,7 vítimas para 100 mil habitantes ante 41,6 em 2004. "O número é muito maior no Estado do que em São Paulo porque a população do Rio é concentrada na região metropolitana e as ocorrências causam mais impacto na opinião pública", admite o atual secretário de Segurança Pública do Rio de Janeiro, Marcelo Itagiba, filiado ao PMDB e provável candidato a deputado federal. No Rio, dos 15 milhões, cerca de 6 milhões estão na capital. Em São Paulo, a capital concentra em torno 25% da população estadual de 40 milhões de habitantes. Segundo a diretora do Instituto de Segurança Pública do Estado, Ana Paula Miranda, o aumento do ano passado provavelmente está relacionado à guerra entre traficantes de drogas pelo controle dos pontos de venda da favela da Rocinha, na Zona Sul. A presença do crime organizado, segundo Ana Paula, torna mais difícil reduzir as ocorrências. "A violência em São Paulo está mais relacionada com ocorrências interpessoais. Desta forma, reage rapidamente a fatores externos, como a reativação da economia e medidas sociais. Já a violência no Rio está ancorada no narcotráfico e fica impermeável a estas razões", afirmou a diretora. É o mesmo motivo, segundo Itagiba, que explica o alto número de pessoas mortas por policiais em serviço. Foram 1,1 mil no ano passado, ante 630 em São Paulo. "A grande maioria destas vítimas eram bandidos que reagiram. A topografia da capital favorece o confronto. Com a vantagem estratégica de estarem no alto de um morro, com boa visibilidade sobre tentativas de invasão, o tráfico naturalmente parte para a resposta armada. Um sinal disto é que apreendemos 44 mil armas nos últimos três anos no Estado do Rio", disse o secretário. Em 2005, o governo de Rosinha Garotinho ficou particularmente desgastado na área da segurança por dois episódios: a chacina de 31 moradores de Nova Iguaçu por policiais militares, em março, a o incêndio de um ônibus por traficantes, que provocou a morte de cinco pessoas, em novembro. Mas o tema não deve ficar fora da plataforma de Garotinho, caso o ex-governador ganhe a candidatura presidencial e Itagiba influa na elaboração do programa. O secretário estadual defende uma reforma do Código Penal, aumentando o período de cumprimento de pena em regime fechado, criando a possibilidade de isolamento permanente do preso e introduzindo o regime de prisão perpétua.