Título: Sócio de corretora refuta acusações
Autor: Thiago Vitale Jayme
Fonte: Valor Econômico, 31/01/2006, Política, p. A8

Investigado por perdas causadas a fundos de pensão patrocinados por estatais, um dos sócios da corretora Laeta, Cezar Sassoun, disse ontem à CPI dos Correios que a responsabilidade por essas operações financeiras é dos gestores dessas entidades de previdência. Relatório preliminar da sub-relatoria de fundos de pensão apontou perda de R$ 55,3 milhões de 14 entidades de previdência, nos últimos cinco anos, em operações com a Laeta na BM&F. Elas estariam concentradas sobretudo na Prece, entidade de previdência da Companhia Estadual de Águas e Esgoto do Rio de Janeiro (Cedae), e no Sistel (das empresas de telefonia). "A responsabilidade é dos gestores dos fundos, a Laeta não dá ordens aos fundos. O senhor precisa perguntar aos gestores porque eles deram aquelas ordens naqueles dias. Mesmo que eu ache as ordens catastróficas eu tenho que obedecer", disse Sassoun ao sub-relator, deputado Antonio Carlos Magalhães Neto (PFL-BA). A CPI investiga se o dinheiro perdido pelos fundos em operações de mercado serviram para abastecer o esquema montado pelo publicitário Marcos Valério de Souza e pelo então tesoureiro do PT Delúbio Soares. "Ele compromete de forma categórica os gestores dos fundos. O impasse está criado porque os gestores culpam as corretoras pela alocação dos recursos. Acho suspeitas as sucessivas operações negativas feitas pelas Laeta, não vejo como a corretora esteja de forma inocente nessa questão", disse ACM Neto. Sassoun negou as acusações de lavagem de dinheiro e de transferência de recursos para terceiros de forma irregular, presentes em relatório da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), que é o órgão regulador do mercado. "Isso está sob sigilo, não deveria estar aqui. O senhor está agindo como fiscal da CVM", disse o sócio da Laeta. "Quem decide o que deve estar aqui sou eu", rebateu o sub-relator de fundos de pensão. Sassoun negou ainda que Lúcio Bolonha Funaro, tido como doleiro e suspeito de lavagem de dinheiro, seja sócio oculto da Laeta. "Ele é um bom cliente que começou a operar conosco em 2002", afirmou Sassoun, segundo o qual Funaro teria parado de trabalhar em abril de 2005.