Título: Abengoa vence disputa por linha de transmissão no NE
Autor: Leonardo Goy
Fonte: Valor Econômico, 19/11/2004, Empresas, p. B-6

A empresa espanhola Abengoa será a responsável pela construção da linha de transmissão de energia de 937 quilômetros ligando Tocantins, Piauí e Bahia, além de uma subestação no Piauí. A linha foi leiloada ontem pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), na Bolsa de Valores de São Paulo. A agência levou a leilão dois lotes. O segundo foi arrematado pelo consórcio Transleste II. Os espanhóis, que já tem cinco linhas de transmissão de energia no Brasil, aceitou uma receita anual de R$ 107,571 milhões, com deságio de 47,5% em relação ao patamar máximo que havia sido estabelecido pela Aneel, de aproximadamente R$ 204,902 milhões anuais. O investimento estimado pela agência no empreendimento (incluindo a subestação) é de R$ 994,5 milhões. A linha vai interligar Colinas (TO)-Ribeiro Gonçalves (PI)-São José do Piauí (PI)-Sobradinho (BA). A subestação será construída em Ribeiro Gonçalves. A Abengoa derrotou outras empresas espanholas, como a Isolux e o consórcio formado por Control Y Montajes Industriales (CYMI) e Cobra Instalaciones Y Servicios. Também chegaram a apresentar propostas para este projeto a brasileira Schahin Engenharia e um consórcio que incluía Chesf e Eletronorte. O consórcio Transleste II venceu a disputa pela linha Irapé (MG) - Araçuaí (MG) e duas subestações, uma em cada ponta do trecho. A linha tem 65 quilômetros de extensão. A Aneel estima que a as obras demandarão investimentos de R$ 58 milhões. Formado pelas brasileiras Furnas, Cemig, Alusa e Orteng Equipamentos e Sistemas, o consórcio aceitou uma receita máxima anual de R$ 10,311 milhões, o que representou deságio de 11% em relação à receita máxima proposta pela Aneel, de aproximadamente R$ 11,586 milhões por ano. A ministra de Minas e Energia, Dilma Rousseff, disse que o segmento de transmissão é um dos que mais inspira confiabilidade nos investidores, já que tem regras claras e receita garantida. Prova disto, segundo a ministra, é que o governo tem recebido vários investidores estrangeiros interessados em participar dos futuros leilões. Dilma disse que os executivos de empresas coreanas, canadenses e chinesas mostraram interesse no segmento de transmissão. A ministra afirmou que a linha arrematada pelos espanhóis da Abengoa é essencial para a garantia do fornecimento elétrico no Nordeste. A previsão inicial da ministra era de conceder o lote à iniciativa privada somente no fim de 2005. " Mas resolvemos antecipar em um ano a licitação desta linha pois ela é essencial para manter a confiabilidade do abastecimento nos Estados do Nordeste." A Aneel programa o próximo leilão de linhas de transmissão para junho, envolvendo 3,5 mil KM de linhas e investimentos estimados em 2,4 bilhões de reais. O edital deve ser divulgado em abril.