Título: Para defesa, presidente presta contas em discursos
Autor: Raymundo Costa
Fonte: Valor Econômico, 01/02/2006, Política, p. A6

A Advocacia Geral da União acusou os tucanos de "pinçar frases soltas" para fazer "ilações infundadas e desarrazoadas" ao apresentar defesa no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) a uma representação do PSDB. O partido acusou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva de fazer campanha ilegal ao inaugurar obras e fazer discursos em viagens pelo país. A defesa de Lula, assinada pelo advogado-geral da União, Álvaro Ribeiro, afirma que a reeleição foi instituída pela Constituição, mas não pode se tornar uma camisa-de-força para suas ações. "Na medida em que a Constituição da República permite a reeleição, essa permissão não pode trazer como conseqüências a imobilização administrativa, a inércia, a omissão em informar a população sobre, por exemplo, como estão sendo aplicados os tributos que ela paga", diz o texto do advogado. O advogado-geral da União argumenta na mesma linha de defesa do próprio Lula quando ele é acusado de fazer campanha durante suas viagens: o presidente tem o dever de prestar contas do que faz. O texto defende que faltam nove meses para as eleições, logo os discursos de Lula eram direcionados aos cidadãos do país, não aos eleitores. A estratégia de Lula para escapar de possíveis acusações de uso eleitoral das inaugurações tem sido adiar ao máximo o anúncio de que será candidato à reeleição. Há cerca de dez dias, o presidente chegou a dizer que vai levar "ao limite" o anúncio de sua candidatura. O PSDB reagiu e fez cinco representações contra Lula no TSE - três em razão de discursos proferidos em viagens, uma devido ao pronunciamento do presidente na TV no início do ano e outra por causa de uma cartilha produzida pelo governo e distribuída gratuitamente. Lula respondeu a quatro - não foi notificado sobre a da cartilha.