Título: PFL propõe programa mínimo ao PSDB
Autor: Raymundo Costa
Fonte: Valor Econômico, 01/02/2006, Política, p. A6

Eleições Pefelistas preparam proposta que descarta privatização do Banco do Brasil e da Petrobras

O PFL começou a preparar um programa mínimo com tópicos básicos para apresentar ao PSDB, no caso de aliança na eleição presidencial, ou para a plataforma de governo do partido, na hipótese menos provável da candidatura própria. O presidente da sigla, Jorge Bornhausen (SC), descarta a expectativa de o partido propor aos tucanos a privatização do Banco do Brasil e da Petrobras. "Não há como criar condições para essas privatizações em quatro anos de mandato", diz. Nos bastidores, tucanos têm se queixado de que aliados em potencial estão tentando pautar o PSDB. Os mais afoitos, especialmente no mercado financeiro, estariam inclusive falando em nova onda de desestatização, além de questionar sobre qual candidato entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e os tucanos José Serra e Geraldo Alckmin teria coragem de a privatizar o BB e da Petrobras. O PSDB realizará uma série de seminários para definir seu programa. Rota já percorrida pelo PFL, que agora prepara o programa mínimo. A pauta dos dois partidos é diferente: uma, social democrata; a outra, liberal. Nem por isso o PFL vai propor a venda do BB e da Petrobras aos tucanos, segundo assegura Bornhausen. Só depois da definição do candidato do PSDB e da aliança entre as duas siglas é que será discutido o programa conjunto. Para Jorge Bornhausen, a "credibilidade" nos compromissos assumidos será fundamental nas próximas eleições. Não bastará aos candidatos prometer, será necessário também dizer como essas promessas serão viabilizadas, de onde sairão os recursos necessários para a execução do programa. O presidente pefelista avalia que a distância entre o que o PT prometeu em 2002 e o que efetivamente fez no governo marcou o eleitorado. Entre as promessas não cumpridas do PT, o pefelista destaca a falta de mudanças na política econômica, que permaneceu a mesma do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, o governo de especialistas (Lula levou para o ministério candidatos derrotados do PT), dobrar o salário mínimo, a criação de 10 milhões de empregos e a diminuição de tributos. "Para o cidadão, principalmente os mais simples", argumenta Bornhausen, "promessas não cumpridas também fazem parte de seu julgamento sobre honestidade". O PFL está na expectativa sobre a manifestação dos tucanos entre Serra e Alckmin para decidir seus próximos passos na corrida sucessória. "Por enquanto, nós estamos com o trem de aterrisagem recolhido", diz Bornhausen. No momento, segundo o pefelista, "há duas componentes não decididas e uma decidida". As duas não decididas são o nome do candidato do PSDB e a prévia do PMDB, marcada para 19 de março. A decidida é a candidatura de Lula, possivelmente numa aliança com PSB, PCdoB e - Bornhausen tem convicção - com os "mensaleiros" PP e PL. Só depois da definição dessas componentes é que o PFL deve agir. Segundo Bornhausen, nem a hipótese da candidatura própria está inteiramente afastada das cogitações, pois a queda da regra da verticalização libera o partido para coligações nos Estados. "O Cesar Maia (prefeito do Rio de Janeiro) só se auto-excluiu na hipótese de o Serra ser o candidato do PSDB; se for o Alckmin, ele pode se candidatar", diz Bornhausen. Na eventualidade, remota, da candidatura própria a presidente, o PFL pretende lançar o maior número possível de candidatos a governador do Estado. No caso da aliança nacional com o PSDB, a ênfase será na construção de coligações estaduais com partidos diversos, com os pefelistas ocupando preferencialmente candidaturas a vice-governador e ao Senado. Uma estratégia bem sucedida em São Paulo, onde a sigla deve ocupar o governo do Estado ou a prefeitura da capital, com a saída de Alckmin ou Serra para a disputa presidencial. "Quanto mais bem ajustado o quadro nos Estados, mais fácil será ganhar a eleição", diz Bornhausen. "Um mapa bem feito pode significar 100 deputados federais, seis governadores de Estado e entre oito e dez senadores", avalia o presidente do PFL.