Título: Embaixador no Brasil está em lista de espiões
Autor: Vitor Paolozzi
Fonte: Valor Econômico, 01/02/2006, Internacional, p. A7

O recente incidente entre Rússia e Reino Unido - em que quatro funcionários da embaixada britânica em Moscou foram acusados de serem agentes secretos - é apenas mais um dos inúmeros casos em que diplomacia e espionagem se fundem. Segundo revelações de ex-agentes britânicos, essa prática era tão comum que, na década de 20, se institucionalizou que o cargo de responsável da embaixada pelo controle de passaportes era a "fachada" oficial do chefe dos agentes do MI6 no país. Outro golpe sofrido pelo SIS, em 1999, resultou na divulgação de uma lista na internet com os nomes de mais de cem pessoas que seriam funcionárias do serviço secreto britânico. Ao dizer que havia erros na lista e que o vazamento - supostamente feito por um ex-agente em busca de vingança contra a organização - colocava em risco a vida de muitas pessoas, o governo britânico reconheceu implicitamente que a maior parte da relação era verdadeira. Entre os nomes incluídos na lista consta o do atual embaixador do Reino Unido no Brasil, Peter Collecott. Apesar de Collecott se encaixar no perfil dos agentes que ingressam no MI6 - eles costumam ser recrutados nas universidades Cambridge e Oxford; o embaixador obteve Ph.D. em física teórica em Cambridge -, Stephen Dorril, autor do livro "MI6 : Inside the Covert World of Her Majesty´s Secret Intelligence Service", acha pouco provável que o embaixador seja, ou tenha sido, um espião. "A lista não é totalmente acurada. Há pessoas que são meramente diplomatas. Suspeito, sem ter feito qualquer pesquisa a respeito disso, que este seja o caso de Collecott, porque é raro funcionários do MI6 se tornarem embaixadores. Houve apenas um ou dois casos". Segundo Dorril, os nomes que constam na lista são de funcionários, e não agentes, do MI6, que são "facilmente identificados" pelos serviços de inteligência dos países onde estão. Procurada pelo Valor, a embaixada em Brasília disse que a política do governo britânico é de não fazer comentários sobre os nomes incluídos na lista. (VP)