Título: Furnas negocia 49% da usina Retiro Baixo
Autor: Leila Coimbra
Fonte: Valor Econômico, 01/02/2006, Empresas &, p. B6

Energia Com essa e outras aquisições, estatal vai acumular investimentos de R$ 2,6 bilhões na área de geração

A estatal federal Furnas está em negociação para assumir 49% da usina hidrelétrica de Retiro Baixo, em Minas Gerais, cuja concessão foi adquirida pelo grupo nacional Orteng no último leilão de energia nova, feito em 16 de dezembro. Furnas assumirá o compromisso de investir cerca de R$ 200 milhões na construção do projeto, que tem 82 megawatts (MW) de potência. Além disso, a estatal será a responsável pela operação da hidrelétrica. Os outros 51% da usina permanecerão com a Orteng que, apesar de majoritária no projeto, não tem experiência em geração hidrelétrica. O grupo atua no segmento de transmissão de energia, no qual possui participação nos consórcios Transleste, Transudeste e Transirapé. Com a concretização das negociações junto à Orteng, subirá para mais de R$ 2,6 bilhões os investimentos que a estatal Furnas vem fazendo na construção de hidrelétricas, o que a torna a maior investidora em produção de eletricidade do país. No leilão de "energia nova" realizado em dezembro, Furnas arrematou as usinas de Simplício (RJ) - o maior dos projetos, oferecidos, com 325 MW - e Paulistas (GO), com 52 MW. As duas hidrelétricas serão construídas por R$ 1,6 bilhão. Somente Simplício demandará R$ 1,2 bilhão, pois trata-se de um projeto complicado na divisa de Minas com o Rio de Janeiro que exigirá a construção de sete túneis. No mesmo leilão, a estatal venceu ainda a concessão a usina de Baguari (MG), em consórcio com a Cemig e a Neoenergia. Segundo estimativa da Aneel, agência reguladora do setor, Baguari, com 140 MWm está orçada em R$ 490 milhões, o que significa que o investimento de Furnas para garantir sua participação é de R$ 75 milhões. Somente os projetos arrematados em no leilão de dezembro exigirão R$ 1,9 bilhão do programa de investimentos da empresa. Além disso, a empresa finaliza a compra da participação de 40% que a mineradora Companhia Vale do Rio Doce possui na hidrelétrica de Foz do Chapecó, na divida de Santa Catarina e Rio Grande do Sul. A Vale está saindo do projeto por causa dos altos preços do transporte de energia até suas unidades industriais no Sudeste, e Furnas assumirá a sua posição na usina. A assinatura do termo de compromisso de compra e venda ocorrerá no dia 10 de fevereiro. O desembolso na aquisição deve ser de R$ 700 milhões, em investimentos. Com isso, a estatal soma aportes de R$ 2,6 bilhões. Já as conversas entre Furnas e o Grupo Rede para a aquisição da participação deste último na usina de Guaporé , usina com 120 MW de potência instalada localizada no Norte do país, não foram adiante. Furnas e o Grupo Rede não entraram em acordo sobre o preço do ativo, avaliado, por alto, em R$ 250 milhões. Guaporé, ao contrário dos outros projetos em negociação pela estatal, já está em operação e tem contratos de venda da energia já garantidos. O Grupo Rede é o controlador da hidrelétrica de Guaporé por meio do consórcio Tangará (dono de 64% da usina). A Mineradora Santa Elina (MSE) é a dona dos 36% restantes. Furnas tinha a intenção de comprar tanto a parte do Rede como a da MSE, e permanecer com 100% do negócio. Mas as conversas estão paralisadas. A retomada dos investimentos de Furnas se deu em 2004, quando a empresa selou acordo como grupo Energias de Portugal (EDP, agora rebatizado de Energias do Brasil) para entrar em 40% do capital da hidrelétrica de Peixe Angical, no Tocantins, cujas obras estavam paralisadas. A usina de Peixe Angical exigiu um investimento de R$ 1,3 bilhão, e sua primeira turbina entrará em operação em maio deste ano. Do total, R$ 200 milhões foram desembolsados anteriormente pelo grupo português. Do restante, R$ 670 milhões foram financiados pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES ) e um "pool" de bancos, liderados pelo Bradesco e Banco do Brasil. Os outros R$ 430 milhões foram aportados igualmente pelos sócios. Localizada no Rio Tocantins, entre os municípios de Peixe e São Salvador, a hidrelétrica tem capacidade instalada de 450 MW.