Título: Renault troca comando no Brasil e Mercosul
Autor: Marli Olmos
Fonte: Valor Econômico, 01/02/2006, Empresas &, p. B6

Veículos

O engenheiro francês Pierre Poupel deixará a presidência da Renault no Brasil e Mercosul a partir de maio, quando vai se aposentar. O posto será assumido por Jérôme Stoll, atual presidente da Renault Samsung Motors, empresa do grupo na Coréia. A notícia da troca de comando da montadora no Brasil apareceu ontem, de forma discreta, em meio a um comunicado distribuído pela matriz informando suas mudanças na gestão mundial. Na nota, a Renault anunciou que a partir de hoje começarão a ser criados cinco comitês de gerenciamento de região, encarregados de assegurar o desempenho do grupo em todos os mercados nos quais está presente. O organograma dividiu a gestão das operações mundiais do grupo em cinco áreas: França, Europa, Leste Europeu, Ásia-África e Américas. Luc-Alexandre Ménard., que já foi presidente da montadora no Brasil, acumulará o comando do Leste Europeu com o cargo atual de relações externas da empresa. No mesmo comunicado, a Renault anuncia a aposentadoria de Poupel, depois de 39 anos de serviços na montadora. Aos 62 anos de idade, Pierre Poupel teve duas passagens marcantes pela operação brasileira. Foi ele quem comandou a construção da fábrica brasileira, inaugurada em São José dos Pinhais (PR), em dezembro de 1998. O executivo carregava, à época, experiência na administração de vendas de carros em países emergentes porque havia sido presidente da Renault na Turquia. Poupel comandou a operação do Brasil e Mercosul entre 1995 e 1999, quando foi deslocado de volta para a França, onde assumiu o posto de vice-presidente de qualidade do grupo. Em junho de 2002, Poupel voltou ao Brasil, onde o grupo francês sofria com excesso de ociosidade e incapacidade de acompanhar o crescimento da concorrência. Na sua segunda fase no Brasil, o executivo francês tratou de cortar custos para aliviar os prejuízos que a operação brasileira ainda representa para o grupo. Poupel sempre se destacou por ser o tipo de executivo simplório, carismático e disposto para o trabalho. Por isso, é evidente até hoje a sua intranqüilidade em relação à pequena participação da marca no mercado brasileiro. No entanto, ele deixa a empresa em plena fase de mudanças, para melhor. No próximo dia 9, o presidente mundial do grupo, Carlos Ghosn, anunciará, na França, uma reestruturação que incluirá investimentos no Brasil.