Título: China manterá produção mundial em alta até 2010
Autor: Patrícia Nakamura
Fonte: Valor Econômico, 01/02/2006, Empresas &, p. B8

Minério de ferro

A produção mundial de minério de ferro deve continuar em rota de crescimento nos próximos cinco anos, puxando também para cima as cotações internacionais da commodity. O movimento poderá dar largada a uma nova onda de fusões e aquisições no setor, ao mesmo tempo em que aumentarão os investimentos em prospecção de novas áreas e a reabertura de jazidas que não eram consideradas economicamente viáveis. A avaliação é de Ronaldo Valiño, sócio-líder da área de mineração no Brasil da consultoria PricewaterhouseCoopers (Pwc). De acordo com o especialista, a China permanecerá como o principal importador mundial até 2010. Atualmente, o país já é responsável por 30% do consumo mundial de minério. "O crescimento, entretanto, não deverá chegar aos patamares obtidos em 2005, mas as mineradoras ainda terão bons resultados nos próximos anos", afirmou. Em 2005, a gigantesca demanda por aço - principalmente na China - fez explodir a produção de minério de ferro. Números preliminares recém-divulgados pelo U.S. Geological Service (órgão que regulamenta e fiscaliza a atividade mineral nos Estados Unidos) mostram que no ano passado a produção mundial cresceu 11%, passando das 1,43 bilhão de toneladas para 1,52 bilhão, patamar sem precedentes na mineração mundial. As reservas mundiais foram estimadas pelo USGS em mais de 800 bilhões de toneladas de minério bruto, com mais de 230 bilhões de toneladas de minério contido. Apesar de ser o maior produtor da commodity do mundo, as reservas da China são consideradas de baixa qualidade, obrigando o país a importar minério de Austrália e Brasil para fazer misturas (os chamados "blends") e assim melhorar a eficiência dos altos-fornos das siderúrgicas locais. Brasil e Austrália, respectivamente, o segundo e o terceiro maiores produtores de minério do mundo - exceto China -, ampliaram sua produção em pelo menos um terço em 2005, num feliz período - para os produtores - em que o preço da commoditiy sofreu um pesado reajuste de 71,5% por conta do aumento de demanda. Em 2006, a expectativa é de que os preços subam entre 5% e 20%. As rodadas de negociações já estão em curso na China e na Europa, segundo Valiño. Boa parte dos gigantescos lucros acumulados no ano fiscal em 2005 pelas principais produtoras mundiais de minério de ferro - BHP Billiton, Vale do Rio Doce e Rio Tinto - deve ser aplicada na expansão de suas instalações, principalmente em logística. "Qualquer incremento de produção deve exigir melhorias na infra-estrutura, de modo a assegurar que a matéria-prima chegue aos portos". A maturação dos investimentos, lembrou Valiño, deve acontecer daqui a cinco anos, equilibrando o desnível atual entre a oferta e a demanda. O especialista da PwC também chama a atenção para a reativação de diversas jazidas, sobretudo nos EUA, que voltaram a ser economicamente viáveis. "Algumas dessas jazidas devem ser alvo de aquisições por grandes empresas", disse.