Título: Valorização do produto atrai interesse da Bunge
Autor: Mônica Scaramuzzo
Fonte: Valor Econômico, 01/02/2006, Agronegócios, p. B11

A Bunge Brasil estuda atuar como trading de açúcar a partir deste ano, segundo apurou o Valor. Líder na comercialização e processamento de grãos no país, a companhia avalia que o açúcar poderá ser uma saída estratégica para o grupo, uma vez que seus preços estão valorizados, ao contrários do grãos, que amargam um longo período de baixa. Mesmo ainda sem uma estrutura definida para armazenamento do produto, a Bunge pretende receber açúcar como forma de pagamento para os fertilizantes, mercado em que a companhia também é líder no país. Atualmente a participação das vendas de fertilizantes da Bunge para os produtores de cana supera a de grãos, segundo uma fonte do mercado. A atuação da companhia como trading de açúcar também deverá dar uma nova dinâmica à Bunge. Segundo apurou o Valor, a empresa deverá ganhar sinergia e terá ganhos de escala logística com o transporte de mais uma importante commodity. Também será uma alternativa aos produtores de grãos do país, que amargam mais um período de preços deprimidos, alto endividamento e enfrentam problemas com estiagem em algumas regiões. Alguns produtores de grãos da Bunge, sobretudo do Centro-Oeste, mantêm negócios com açúcar em São Paulo, principal região produtora do país. A companhia não pretende, neste primeiro momento, tornar-se produtora de açúcar e álcool. Também não pretende receber álcool como forma de pagamento para troca de insumos. A empresa ainda está estudando como será o formato da trading de açúcar e já contratou um executivo com experiência no mercado para colocar em prática os planos da companhia. A Bunge está entre as grandes companhias mundiais que ainda não atuavam em açúcar. A Cargill, também com forte atuação em grãos no país e uma das maiores tradings de açúcar do mundo, estuda tornar-se produtora no Brasil. Em julho do ano passado, a empresa chegou a anunciar que estaria negociando a aquisição da Açucareira Corona, com duas usinas em São Paulo. Um mês depois, desistiu do negócio (a usina foi comprada posteriormente pela Cosan), mas ainda estuda oportunidades para se tornar uma produtora.(MS)