Título: Açúcar acumula ganho de 168% em 24 meses em NY
Autor: Mônica Scaramuzzo
Fonte: Valor Econômico, 01/02/2006, Agronegócios, p. B11

Commodities Em janeiro, a valorização chegou a 15%; café subiu 21%

A combinação entre oferta global apertada em razão da redução da safra em países da Ásia e o maior uso da cana no Brasil para a produção de álcool colocou o açúcar novamente sob os holofotes do mercado internacional de commodities agrícolas em janeiro. Nos cálculos do Valor Data, baseados na variação média mensal dos contratos de segunda posição de entrega nas bolsas de Nova York (açúcar, café, cacau, suco de laranja e algodão) e de Chicago (soja, milho e trigo), a alta do açúcar em relação ao preço médio de dezembro só perdeu para a do café. Nos últimos 12 e 24 meses, os saltos do açúcar são ainda mais expressivos. Em janeiro, a cotação média do açúcar ficou em 16,16 centavos de dólar por libra-peso, 15,74% mais que em dezembro. Em doze meses, o aumento é de 75,36%; em 24 meses, chega a 168%. "O açúcar registrou alta por 13 pregões consecutivos em janeiro, com valorização de 422 pontos neste período", destaca Michael McDougall, diretor da Fimat Futures para América Latina. No mês passado, a commodity atingiu o maior patamar desde 1981. "Há temor com com o clima no Brasil". Alexandre Mourani, da Ágora Senior, diz que não há indicações no curto prazo de que os preços possam recuar. "Pode ter alguma pressão por causa da proximidade da colheita do Centro-Sul do Brasil, mas o déficit global e a maior demanda no mercado físico ajudam a sustentar os preços", afirma. Já o café, cuja cotação média dos contratos de segunda posição subiu 20,82% no mês passado, para US$ 1,2177 por libra-peso, tem encontrado suporte também na expectativa de menor oferta em 2006 e 2007, por conta do ciclo de baixa da safra brasileira, afirma Mourani, da Ágora. Em doze meses, os ganhos em Nova York chegaram a 17,31%; em 24 meses, a 64,19%. No algodão, as cotações médias de janeiro ficaram em 56,79 centavos de dólar por libra-peso, com alta de 5,8%. Fernando Martins, da Fimat, destaca as exportações semanais americanas mais aquecidas. No caso do cacau, os preços tiveram alta puxados por especuladores por conta de conflitos na Costa do Marfim, diz Thomas Hartmann, da TH Consultoria. Os preços médios ficaram em US$ 1.542,15 a tonelada, alta de 4,54% no mês. O suco foi a única commodity que registrou queda em janeiro em Nova York (3,28%). Negociadas ainda em elevado patamar, as cotações foram pressionadas por realizações de lucros e pela expectativa de produção de laranja maior que a esperada na Flórida. Em Chicago, o trigo registrou valorização de 4,9% em janeiro, cotado, em média, a US$ 3,4544 o bushel. Aldo Lobo, da Safras&Mercado, diz que a entressafra americana deu suporte. Já o milho fechou janeiro com cotação média de US$ 2,2295 por bushel, valorização de 4,68% no mês e de 7,34% em 12 meses. Segundo Leonardo Sologuren, da Céleres, a alta do milho foi acentuada na última semana por conta de estimativa prevendo recuo na área do grão nos EUA e de aumento no plantio de soja. O relatório, da Informa Economics, previu crescimento de 5,5% na área de soja e queda de 3% na de milho. O efeito do relatório na soja foi de pressão. A commodity encerrou janeiro com cotação média de US$ 5,9294, queda de 1,1% no mês e ganho de 12,72% em 12 meses. Sologuren questiona a previsão de aumento na área de soja em detrimento da de milho. Além de os preços mínimos do milho serem mais favoráveis do que os da soja nos EUA, o temor com a ferrugem asiática deve ser um fator de desestímulo ao plantio de soja, acredita. Ele diz que a relação entre o preço da soja e do milho está hoje em 2,4 - considerando a contrato de dezembro para o milho e o de novembro para a soja. De acordo com o analista, é preciso de uma relação de 2,8 para estimular o plantio de soja. (Colaboraram Alda do Amaral Rocha e Conrado Loiola)