Título: Cresce o mercado de cafés especiais
Autor: Ivana Moreira
Fonte: Valor Econômico, 01/02/2006, Agronegócios, p. B11

Qualidade

A Associação Brasileira de Cafés Especiais (BSCA, na sigla em inglês) estima que o faturamento conjunto de seus 52 associados deverá quadruplicar em 2006 em relação ao ano passado e alcançar US$ 80 milhões. Segundo a entidade, tal crescimento virá do aumento da safra e dos preços do produto. Estima-se que a produção nacional de cafés especiais alcançará 1 milhão de sacas nesta safra, e os associados da BSCA respondem por 60% do total. A associação esteve reunida em Belo Horizonte nos últimos dois dias discutindo estratégias para ampliar o mercado de cafés especiais, dentro e fora do país. A primeira medida é abrir a BSCA a novos sócios, principalmente de pequeno porte, dispostos a seguir o código de conduta da entidade, que tem 165 itens relacionados à segurança ambiental, social e alimentar do processo produtivo. Em outra frente, a entidade estudará a criação de uma nova categoria de associados, para incluir cafeterias, restaurantes e hotéis. A idéia é passar a certificar não apenas produtores de cafés especiais, mas também os estabelecimentos que comercializam o produto. "O consumo de café especial entre os brasileiros é recente mas vem crescendo rapidamente", diz Marco Suplicy, um dos defensores do credenciamento de estabelecimentos. Há dois anos, ele, que produz em torno de 1,3 mil sacas de café especial por ano, investiu na abertura de uma rede de cafeterias em São Paulo, a Suplicy. A rede, que tem duas lojas e está prestes a ganhar a terceira, comercializa quatro tipos de cafés especiais produzidos por associados da BSCA. A entidade certifica a qualidade do café, que deve ter nota superior a 80 (em uma escala de 0 a 100) na avaliação de provadores especializados. As fazendas associadas são auditadas pela SGS do Brasil, conforme explicou o novo presidente da BSCA, Alexandre Frossard Nogueira. Na colheita, entre junho e julho, a BSCA deverá trazer ao país um grupo de compradores de Alemanha, Coréia e Japão para conhecer as lavouras das fazendas associadas. Para Nogueira, são mercados com grande potencial e ainda pouco trabalhados. Enquanto o consumo de cafés tradicionais vem crescendo 1,5% ao ano no mundo, o segmento de cafés especiais vem avançando mais de 10% ao ano. "O Brasil deverá se consolidar no fornecimento de alta qualidade para sustentar este crescimento", alertou Nogueira. A estimativa dos produtores é que o consumo global de especiais esteja em torno de 8 milhões de sacas por ano.