Título: Brasil contribui com 14% dos resultados do ABN
Autor: Maria Christina Carvalho
Fonte: Valor Econômico, 01/02/2006, Finanças, p. C8

Balanço Varejo deu bons ganhos com a forte expansão do crédito

O Brasil contribuiu com 14,5% do resultado operacional líquido do banco holandês ABN AMRO em 2005. O presidente do banco no país, Fábio Barbosa, afirmou que o forte crescimento do crédito sustentou o bom desempenho. O balanço mundial do grupo holandês, divulgado ontem, exibiu um lucro líquido de 4,382 bilhões de euros em 2005, 13,4% superior aos 3,865 bilhões de euros de 2004. O lucro operacional bruto foi de 4,443 bilhões de euros. Apenas no quarto trimestre, o lucro líquido foi de 1,296 bilhão de euros. O balanço mundial segrega apenas os resultados do varejo no Brasil, que incluem operações com pequenas e médias empresas. Os resultados do atacado estão incorporados ao resultado global da área. Os números estão em euros e seguem as regras contábeis européias. De acordo com esses critérios, o ABN AMRO teve um lucro operacional líquido de 644 milhões de euros com as operações de varejo realizadas no Brasil em 2005. O resultado é 114% superior ao de 301 milhões de euros de 2004, mas inclui o ganho de 196 milhões de euros obtido com a venda da Real Seguros, alertou Barbosa. Mesmo excluindo esse ganho extraordinário, o resultado operacional líquido ainda teve um aumento significativo, de 39%. O presidente do ABN AMRO Real afirmou que a carteira de crédito de varejo do banco no Brasil cresceu 39% em 2005 e que a expectativa é que aumente de 20% a 25% neste ano. "Será um pouco menos do que no ano passado, mas ainda forte, fruto da queda dos juros e do maior crescimento econômico", disse. O banco trabalha com a expectativa de que o Produto Interno Bruto (PIB) vai registrar um crescimento de 4% neste ano. Barbosa sustenta ainda suas previsões no aumento dos negócios que será propiciado pela expansão da carteira de clientes de 20% no ano passado, para 3,85 milhões de contas correntes ativas. Incluindo os clientes da financeira Aymoré e dos produtos de investimentos, a base de clientes chega a 10 milhões. O ABN AMRO, que está desmembrando sua divisão de banco de atacado, reafirmou seus planos de fazer uma economia anual de pelo menos 750 milhões de euros até 2008, num momento em que as margens de lucro nos Estados Unidos estão sendo pressionadas. O banco prevê que seus gastos deste ano terão um crescimento mais lento que o registrado em 2005, disse o principal executivo, Rijkman Groenink. "Os bons resultados obtidos no Brasil e na divisão de banco de varejo deverão ser suficientes para neutralizar os resultados fracos computados nos Estados Unidos", disse Jan-Willem Nijkamp, administrador de fundos da Tielkemeijer & Partners , de Roterdã, na Holanda, que gerencia US$ 240 milhões em ativos, entre os quais ações do ABN. O lucro líquido obtido com a negociação de títulos, câmbio e outros papéis pela divisão de banco de atacado subiu no quarto trimestre de 2005 para 717 milhões de euros. O ABN Amro realiza cerca de 28% do lucro operacional de banco de varejo e de atacado na Holanda, 27% na América do Norte, 38% por cento no Brasil e 7% nos mercados conhecidos como novos e de grande potencial de crescimento, como o da Índia.