Título: UBS paga mais de US$ 7 bi de bônus aos funcionários
Autor: Assis Moreira
Fonte: Valor Econômico, 01/02/2006, Finanças, p. C8

O UBS, o maior banco da Suíça, desembolsará acima de US$ 7 bilhões em bônus para seus 70.500 empregados nos próximos dias. A cifra será dividida desigualmente, conforme "talento e contribuição" ao faturamento do ano passado. O grande banco suíço só anunciará seus resultados de 2005 na semana que vem. Mas o presidente do conselho de administração, Marcel Ospel, acabou dizendo numa entrevista que o total dos bônus superaria os US$ 7 bilhões de 2004, que representaram quase metade da massa salarial de US$ 14,2 bilhões. As ações do UBS valorizaram 33% ano passado, refletindo a confiança do mercado nos resultados do grupo. Por sua vez, bancos de Wall Street, que tambem cresceram bem, vão distribuir no total um montante de US$ 22 bilhões sob forma de bônus para 2005, segundo a imprensa suíça. Ospel explicou que o bônus aos empregados "segue a evolução de nosso crescimento e de nosso lucro''. Mas não deu detalhes. Porta-voz do banco tratou de livrar o patrão da indiscreção que está em todos os jornais suíços. Disse ao Valor que Ospel só mencionou o montante relacionado a 2004, porque não podia referir-se a um resultado não divulgado ainda. Por sua vez, o Credit Suisse, o segundo maior banco do país e um dos maiores do mundo, só no final de março é que informará sobre as compensações relacionadas a 2005, mas apenas para o presidente e o comitê executivo. O banco argumenta que não especifica qual a parte de bônus no salário de base. O valor das ações do CS aumentaram 40% ano passado. A grande especulação é como os mais de US$ 7 bilhões do UBS serão distribuídos. No mundo ideal, cada funcionário receberia pouco mais de US$ 100 mil. Mas tudo depende da função. Em 2004, os principais executivos, representando 0,02% dos efetivos, embolsaram 2,2% do total. O presidente Marcel Ospel foi o que recebeu mais: US$ 16,5 milhões. Uma parte em dinheiro líquido, outra em ações, stock-options, contribuição a caixa de pensão etc. Ele decidiu recentemente transferir a residência para o cantão de Obwald, que é uma espécie de paraíso fiscal ainda mais vantajoso na Suíça. Em meio às expectativas, o jornal "Le Temps" consultou mesmo analistas de remuneração. Concluiu que provavelmente o investment bank do UBS vai embolsar metade dos bônus, porque é a divisão mais diretamente ligada aos mercados financeiros. Entre 18 mil funcionários, há cerca de oito mil especialistas. Muitos poderão receber entre US$ 1 milhão e US$ 1,5 milhão. De maneira geral, o aumento dos bônus pode ficar entre 15 e 20%. No mercado financeiro, as atenções estão voltadas para o balanço que será divulgado amanhã pelo Deutsche Bank, que pode dar uma indicação também do montante de bônus pago aos principais especialistas. Um artigo do jornal "La Tribune", de Paris, mostra que a explosão de ações dos bancos nos EUA e na Europa no ano passado aumentou em US$ 25 bilhões a mais valia potencial de stock-options concedidas aos banqueiros. Essa fortuna de banqueiros dos dez principais bancos - Goldman Sachs, Lehman Brothers, Merrill Lynch, Deustche Bank, Morgan Stanley, Citigroup, Bear Stearns, JP Morgan, Credit Suisse e UBS - alcançará agora US$ 92 bilhões. Os títulos dos bancos explodiram em 2005. Lehman Brothers ficou na liderança, com alta de 50%, seguido do Credit Suisse, com 40%, e do UBS, com 33%. O jornal francês estima, com base do preço de exercício das opções, que as equipes do Lehman Brothers acumularam ganho virtual de US$ 5,3 bilhões. Mas, nem todos os bancos valorizaram tanto, caso de Citigroup e JP Morgan.