Título: Saldo de US$ 2,8 bi surpreende governo
Autor: Arnaldo Galvão
Fonte: Valor Econômico, 02/02/2006, Brasil, p. A4
Comércio exterior Números da balança mostram vigor e batem recorde em janeiro
Os números do comércio exterior em janeiro ficaram acima das expectativas do governo. As exportações foram de US$ 9,27 bilhões, com destaque para os embarques de petróleo e carne bovina. As importações somaram US$ 6,42 bilhões e o saldo foi de US$ 2,84 bilhões. Os aumentos, comparando as médias diárias do mês passado com as de janeiro de 2005, foram de 18,9% para as vendas e 16,7% para as compras. O secretário de Comércio Exterior do Ministério do Desenvolvimento, Armando Meziat, destacou que os números de janeiro representam recordes históricos para este mês em exportações, importações e saldo. Considerando os últimos 12 meses (fevereiro de 2005 a janeiro de 2006) as exportações brasileiras foram de US$ 120,13 bilhões. Esse resultado, segundo Meziat, antecipa em 11 meses a meta de dobrar as vendas externas até o fim do mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A balança comercial em 2002 registrou exportações de US$ 60,4 bilhões. "O comércio exterior continua mostrando o mesmo vigor. Janeiro teve um plus que nos permite confiar no cumprimento da meta de exportações para 2006. A grande maioria dos setores informam que vão vender mais ao exterior. Começamos o ano com um resultado extremamente positivo", disse Meziat. O petróleo foi um dos destaques da balança comercial em janeiro. Segundo o governo, esse grupo de produtos teve aumentos de 111% no volume exportado e 60% no preço. Meziat afirmou que a projeção para 2006 é a de manter esse nível ou até superá-lo. Em 2005, as vendas de petróleo renderam US$ 4,2 bilhões. O governo informa que as exportações de petróleo em bruto, em janeiro, foram de US$ 721 milhões. Como a média diária de embarques foi de US$ 32,8 milhões, o aumento sobre janeiro de 2005 foi de 223,1%. As vendas externas de óleos combustíveis em janeiro foram de US$ 227 milhões, com média diária de US$ 10,3 milhões. O salto foi de 249,5% pelo critério da média diária. As exportações de gasolina no mês passado somaram US$ 87 milhões. Com média diária de US$ 4 milhões nos embarques, o crescimento foi de 53,8% em relação a janeiro de 2005. A carne bovina também dividiu com o petróleo as atenções do governo na análise das exportações em janeiro. No mês passado, foram embarcados US$ 181 milhões e a média diária foi de US$ 8,2 milhões. Isso significa que houve crescimento de 22,5% sobre o resultado de janeiro de 2005. Os embarques de carne bovina para a Rússia também tiveram bom desempenho. Meziat informou que as vendas foram de US$ 45,4 milhões, diante de apenas US$ 3,7 milhões em janeiro de 2005. Meziat disse não estar preocupado com o salto das exportações, principalmente com a melhora das cotações das commodities, e seus impactos para o câmbio. "Não podemos ficar com essa idéia fixa de que o câmbio será prejudicado pelas exportações. São poucos os setores que perdem com o atual nível do câmbio", justificou o secretário. Como exemplos desses segmentos que vêm sendo prejudicados com a valorização da moeda brasileira, ele citou calçados, têxteis e automóveis. O secretário também ponderou que a formação da taxa de câmbio não depende apenas do volume das exportações e da entrada de moeda estrangeira que esse movimento proporciona. O ministro Furlan tem mostrado preocupação com a taxa de câmbio e com o prejuízo que o atual nível vem trazendo para as empresas exportadoras, principalmente as pequenas e médias, que não têm fôlego financeiro para manterem-se no mercado internacional. Do lado das importações, janeiro registrou crescimento de todas as categorias de produtos: bens de consumo (32,5%), combustíveis/lubrificantes (22,7%), bens de capital (21%) e matérias-primas/intermediários (10,5%). No segmento de bens de consumo as principais compras foram de alimentos, farmacêuticos, automóveis, máquinas e aparelhos para uso doméstico.