Título: Garotinho quer reação do mercado
Autor: Juliano Basile e Paulo de Tarso Lyra
Fonte: Valor Econômico, 02/02/2006, Política, p. A13

Pré-candidato do PMDB à Presidência da República, Anthony Garotinho deixou ontem a Secretaria Estadual de Governo e Coordenação em clima de campanha eleitoral. Ele aproveitou o evento de despedida do Palácio Guanabara, sede do governo do Estado do Rio de Janeiro, para atacar a política econômica do governo de Luiz Inácio da Lula e criticar o mercado financeiro. O ex-governador disse que não teme uma reação dos agentes desse mercado à sua política antineoliberal e desenvolvimentista e adiantou que o setor financeiro não será favorecido em sua gestão, como aconteceu, segundo ele, em governos anteriores. "Eu espero que o mercado reaja à minha candidatura porque se não reagir ela está errada. Quando você pensa diferente, você vira patinho feio, vai quebrar a bolsa, gerar crise e destruir o país. Não é nada disso", disse o pré-candidato do PMDB. Para Garotinho, Lula está adotando um "populismo cambial", ao manter sobrevalorizado o real, de olho nas eleições deste ano, o que pode gerar, de acordo com ele, uma "quebradeira de diversos setores do país". "Estamos correndo um risco iminente de uma nova quebradeira de vários setores do Brasil pelo populismo cambial e pela irresponsabilidade de deixar com que a moeda (real) fique da forma como está. Isso se chama irresponsabilidade com a moeda", afirmou Garotinho. Garotinho admitiu um favoritismo em relação ao seu adversário nas prévias para a escolha do candidato do partido à Presidência, o governador do Rio Grande do Sul, Germano Rigotto. Ele não poupou elogios a Rigotto, mas disse que o governador entrou na disputa muito tarde e ainda é "uma figura regional, pouco conhecida no restante do país". "As pessoas para se tornarem conhecidas no Brasil demoram muito tempo. O governador é uma figura regional ainda. E isso facilita o meu trabalho, porque eu tenho uma eleição de presidente já disputada. Meu favoritismo no partido se deve a dois fatores: eu estar trabalhando há mais tempo e porque os pemedebistas querem disputar para ganhar", afirmou Garotinho, que não vê boicote por parte da ala governista do partido à sua candidatura. "Sou uma pessoa pragmática. Candidatura quando decola ninguém abandona. E a minha já decolou. Sou competitivo sem ainda ser candidato", disse Garotinho. Ele enfatizou que o programa de governo do PMDB será uma alternativa à política econômica vigente defendida pelo que ele chamou de "petecanos": "O PMDB vai oferecer uma alternativa ao Brasil, ou seja, vai vencer o discurso da mesmice do PT e do PSDB. PT e PSDB são muito parecidos. Surgiu uma espécie de figura nova na política brasileira, os petecanos, ou seja, petistas tucanos e tucanos petistas, que pensam com a mesma lógica, a lógica dos bancos".