Título: Alckmin reafirma pré-candidatura
Autor: Juliano Basile e Paulo de Tarso Lyra
Fonte: Valor Econômico, 02/02/2006, Política, p. A13

Os dois principais postulantes pelo PSDB à Presidência da República mostraram que a disputa pela vaga deverá ser resolvida apenas pela cúpula partidária. Ao menor indício de que havia recuado na disputa, Geraldo Alckmin, governador de São Paulo, reforçou que sairá do governo dentro do prazo de desincompatibilização, em 31 de março. José Serra, prefeito de São Paulo, aproveitou uma solenidade para falar sobre projetos nacionais e criticar a gestão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. No começo da tarde de ontem, Geraldo Alckmin deu indícios de que teria recuado da decisão de sair do governo. A mudança no discurso foi evidente: no lugar do enfático "vou sair" antes do prazo de desincompatibilização, em 31 de março, o governador disse apenas "aguardem", depois da abertura do ano legislativo na Assembléia. O governador não conseguiu aprovar o Orçamento e pediu aos deputados harmonia com o Executivo. Poucas horas mais tarde, esclareceu que houve um equívoco em suas declarações e que sim, sairá do Palácio dos Bandeirantes para disputar a candidatura à Presidência. Depois de participar da solenidade de posse dos magistrados no Tribunal de Justiça (TJ) de São Paulo, disse prontamente aos jornalistas que o acompanhavam que queria "corrigir o mal-entendido": "Eu não mudei nada do que eu disse anteriormente. Meu nome está à disposição do partido, sou pré-candidato, deixo o governo no dia 30 de março e vou acatar decisão partidária", apontou. Questionado novamente se sairá do governo, respondeu com um "é óbvio" e criticou as notícias veiculadas sobre a eventual escolha tucana do prefeito Serra para a disputa. "É fofoca pura. Todo dia tem uma plantação de notícias (nos jornais) ininterrupta." Ao lado de Alckmin na solenidade no TJ, Serra não deixou de lado sua "visão nacional, além dos temas da prefeitura", como chegou a mencionar em seu discurso. Cobrou mais ações do governo federal e engrossando o coro de críticas a gestão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e questionou os programas de transferência de renda, uma das principais bandeiras do governo, classificando-os como "assistencialistas, que rendem votos, mas que não oferecem dignidade". Para uma platéia com cerca de 800 pessoas, Serra proferiu palavras de ordens : "É hora de investirmos na racionalidade em vez do messianismo; no trabalho com planejamento e persistência, em vez de improvisação, que só gera bravatas", disse. Em outro momento, voltou a atacar o comentário feito pelo presidente Lula, a respeito de concurso público para agente sanitário, de que seria um processo muito restrito. Serra disse aos magistrados que "precisamos investir na cultura para preservar nossos valores e despertas a curiosidade, em vez da exaltação da ignorância, fato que tem acontecido em nosso país". Apontado pelos tucanos como um dos responsáveis pela escolha do candidato tucano, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso evitou a imprensa ontem. FHC entrou e saiu da sede do Clube Atlético de São Paulo, onde ganhou o título de sócio- honorário, dentro de um carro com vidros fechados e cobertos por película. Em sua origem, o clube, fundado por Charles Miller, só tinha sócios ingleses.