Título: Em alta, após 4 baixas, dólar aguarda BC
Autor: Luiz Sérgio Guimarães
Fonte: Valor Econômico, 02/02/2006, Finanças, p. C2

O dólar interrompeu ontem uma seqüência de quatro quedas. Fechou em alta de 0,36%, a R$ 2,2230. A valorização não resultou de nenhum desequilíbrio de fluxo ou de demanda. Decorreu tão-somente de operações destinadas a reduzir parte das elevadas e perigosas posições vendidas carregadas pelos bancos. Assustaram o mercado os números divulgados ontem pelo Banco Central sobre a balança cambial de janeiro. As posições vendidas dos bancos subiram de US$ 4,1 bilhões no final de dezembro para US$ 4,69 bilhões. Parte da expansão de US$ 3,123 bilhões registrada nas reservas internacionais veio da absorção do superávit cambial de US$ 1,95 bilhão e parte da ampliação das posições vendidas. Se essas posições tivessem experimentado declínio no mês passado, o dólar não teria caído tanto (desvalorização acumulada de 4,73% em janeiro). O mercado de câmbio tem certeza de que o BC vai fazer alguma coisa para evitar que o dólar derreta de vez, mas não sabe o que será. Seja o que for, não se aposta em providência dramática ou radical, contra o histórico de bons antecedentes da atual gestão. Tanto que não há alterações de preços significativas à vista e no futuro. O que faz o mercado operar convencido de que novas medidas cambiais serão baixadas para amparar o dólar é o fato de que as antigas - as intervenções de compra - já não surtem mais efeito algum. O dólar-submarino - segundo os operadores, pode até flutuar, mas foi feito mesmo para afundar - está precisando de lastro novo. Ontem o BC vendeu a totalidade dos 4,55 mil contratos de swaps reversos oferecidos aos bancos, comprando no futuro mais US$ 211,7 milhões. Com a operação de ontem, ampliou para US$ 18,7 bilhões sua posição credora em dólar no mercado futuro. À tarde, o BC fez o tradicional leilão de compra de moeda. Adquiriu pelo preço de R$ 2,235. Como nos últimos leilões, o volume não foi expressivo.

Posição credora em swap chega a US$ 18,7 bi

Como fevereiro não figura no calendário do Copom do Banco Central, o mercado futuro de juros iniciou o mês completamente amorfo e esvaziado. A tendência é que persista com discretas movimentação e oscilação de taxas até que surja algum dado sobre inflação ou atividade capaz de estimular apostas de corte mais fundo da Selic. Por enquanto, o consenso é de manutenção do ritmo de baixa de 0,75 ponto percentual. Mas esse pregão só deve pegar fogo mesmo depois do Carnaval, já a uma semana da reunião do Copom, marcada para o dia 8 de março. Os contratos mais curtos sofreram ontem ínfimas quedas. Para a virada do trimestre, a taxa recuou de 16,93% para 16,92%. E para a virada do semestre, de 16,34% para 16,33%. O swap de 360 dias ficou estável em 15,85%. Os segmentos mais sujeitos a risco já superaram o desconforto gerado na véspera pelo comunicado pós-reunião do Federal Reserve (Fed), que desautorizava a suposição de que o ciclo de aperto monetário seria interrompido com o juro básico a 4,50%. A Bovespa passou o dia inteiro em queda, mas faltando dez minutos para o encerramento do pregão apareceram os compradores. E a bolsa fechou com evolução de 0,26%, o suficiente para garantir mais um recorde, de 38.484 pontos. O risco-país, após duas altas, voltou a cair. Cedeu 2,27%, para 258 pontos-base.