Título: A posição vendida em câmbio dos bancos atinge recorde de US$ 4,69 bi
Autor: Alex Ribeiro
Fonte: Valor Econômico, 02/02/2006, Finanças, p. C2
A posição vendida em câmbio dos bancos no mercado à vista de moeda chegou a US$ 4,691 bilhões em janeiro, batendo o recorde histórico na série estatística do Banco Central (BC), que começa em janeiro de 1994. Os bancos estão ampliado a exposição em moeda estrangeira para lucrar com a arbitragem entre juros internos e externos. A segunda maior exposição em dólar do sistema financeiro havia ocorrido em março de 2003, quando o volume chegou a US$ 4,586 bilhões. Coincidentemente, também vigorava uma alta taxa Selic naquele período, com expectativa de valorização do câmbio nos meses seguintes. Os bancos vêm ampliando a exposição em moeda estrangeira desde setembro - em agosto, somava apenas US$ 573 milhões. A contraparte nessas operações é o BC, cujos leilões de compra de moeda vem absorvendo dólares oriundos tanto do superávit no mercado de câmbio quanto da posição vendida dos bancos. Em janeiro, em particular, os bancos ampliaram em US$ 580,5 milhões a posição vendida, e os dólares foram absorvidos pelo BC. A autoridade monetária comprou também mais US$ 1,949 bilhão, referente ao superávit no mercado de câmbio. No total, essas aquisições somam cerca de US$ 2,5 bilhões. Ao ampliar as posições vendidas em câmbio, geralmente os bancos sacam linhas no mercado interbancário internacional, que não fazem parte das estatísticas do movimento de câmbio contratado no país. As operações são feitas com intuito de lucrar com a diferença de juros externos e internos. Uma das premissas do negócio é que o real seguirá tendência de apreciação ou, na pior das hipóteses, não sofrerá depreciação superior à diferença entre os juros internos e externos. O mercado de câmbio contratado foi superavitário em janeiro graças, novamente, ao grande saldo do comércio exterior, que chegou a US$ 3,149 bilhões. As exportações contratadas somaram US$ 9,410 bilhões, pouco abaixo do movimento físico de exportações no período, de US$ 9,271 bilhões. As importações contratadas (US$ 6,261 bilhões) ficaram abaixo do movimento físico (US$ 6,427 bilhões). Os dados sugerem que exportadores adiantaram o fechamento do câmbio, enquanto importadores procuraram adiar. O segmento financeiro fechou com déficit de US$ 1,2 bilhão, com ingresso de US$ 13,631 bilhões e saída de US$ 14,831 bilhões.