Título: Mercosul pode criar instituição de política social
Autor: Sergio Leo
Fonte: Valor Econômico, 07/02/2006, Brasil, p. A3

Em busca de uma "agenda positiva" para o Mercosul, para além das recorrentes disputas comerciais, o governo brasileiro já cogita criar novas instituições para o bloco, com especialistas em setores como a política social e trabalhista, segundo informou ontem o recém-nomeado presidente do Conselho de Representantes do Mercosul, Carlos "Chacho" Álvarez, ex-vice-presidente da Argentina. O novo presidente do conselho, cargo de representação política do Mercosul, discutiu as propostas de agenda para o bloco com o presidente Luis Inácio Lula da Silva, o assessor internacional, Marco Aurélio Garcia, e o ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, com quem conversou sobre a possibilidade de criar novas instituições supranacionais para decisões do Mercosul, com sede em Montevidéu, assim como existem as instituições da União Européia, em Bruxelas. "O ministro (de Relações Exteriores) Celso Amorim falou que precisamos 'bruxelizar' Montevidéu", relatou Alvarez, em entrevista no Palácio do Itamaraty . Álvarez admitiu que ainda não há definição sobre que instituições seriam criadas. "Precisamos primeiro criar as políticas comuns", comentou. Álvarez informou que o governo brasileiro apoiou a formalização do Instituto Social do Mercosul, que se dedicará a estudos e troca de experiências na área de combate à pobreza e de políticas públicas, para previdência, saúde e educação, e ações conjuntas de combate à pobreza na área da tríplice fronteira (Brasil, Paraguai e Argentina). "Muita coisa já vem sendo feita, há um déficit de informação no Mercosul, que não pode ficar subordinado só à política comercial", disse. Embora os representantes do governo da Venezuela já venham participando das discussões políticas do bloco, não serão tão cedo incorporados às discussões comerciais conjuntas, confirmou o presidente do Conselho de Representantes, que condicionou a participação à conclusão dos ajustes a serem feitos na política comercial venezuelana, para adaptá-la aos compromissos do Mercosul. "Para a Venezuela participar (da discussão) nos temas comerciais vai levar algum tempo, necessário para a compatibilização de normativas com o Mercosul", avisou. Álvarez confirmou o desconforto dos sócios menores, Uruguai e Paraguai, com a falta de resultados positivos para as respectivas economias, mas evitou comentar a discussão, nos dois governos, sobre um eventual acordo de comércio com os Estados Unidos (o que violaria as normas do Mercosul).