Título: Pesquisas aumentam pressão sobre candidatura tucana à Presidência
Autor: César Felício, Caio Junqueira e Cristiane Agostine
Fonte: Valor Econômico, 07/02/2006, Política, p. A6

A cúpula do PSDB reúne-se nesta semana para analisar as pesquisas de opinião encomendadas pelo partido, que mostram um resultado semelhante ao da pesquisa do Datafolha divulgada anteontem: o prefeito paulistano, José Serra, está empatado em intenções de voto para a eleição presidencial com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o governador paulista Geraldo Alckmin perde para o petista. Os dois presidenciáveis devem participar da consulta, além do presidente nacional da sigla, o senador Tasso Jereissati (CE) e o governador mineiro Aécio Neves. A tendência é que ganhe adesões dentro do PSDB a tese de antecipar a escolha do candidato a presidente do fim de março para o início do mês, já que aumenta o receio dentro do partido que a competição entre o prefeito e o governador deixe seqüelas no processo eleitoral. Cresce também o temor em relação aos riscos de derrota de uma eventual candidatura José Serra, de mais impacto para o partido do que a de Alckmin. O cenário das pesquisas a serem analisadas pelo PSDB esta semana é que o partido precisa de fatos novos negativos para o governo a fim de estancar a recuperação de Lula. A ofensiva do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (ver reportagem nesta página) já é em parte resultado dessa avaliação. O temor é maior entre os aliados de Serra. Está definido que o prefeito só será candidato a presidente se contar com o apoio unânime do partido, o que inclui o governador paulista. Segundo os aliados de Serra, o prefeito gostaria de aguardar a definição do PMDB, que vai realizar suas prévias em 19 de março. A suposição dos serristas é que o ex-governador do Rio Anthony Garotinho deve vencer o processo de consulta interna, o que tende a retirar votos de Lula. O prefeito gostaria também de esperar uma nova rodada de pesquisas, que pudesse aferir se há um processo consistente de recuperação da imagem de Lula. Os aliados do prefeito apostam que a queda de Serra e a ascensão de Lula deve-se à exposição do presidente em eventos públicos na última semana. "Serra não está em campanha e aparece empatado com o presidente. Este é o piso dele. Já o Lula está em campanha permanente e obviamente reagiu", afirmou um serrista. Se o resultado se repetir dentro de um mês, será uma dificuldade a mais para a candidatura do prefeito à Presidência. Os tucanos vêem como resultado positivo das pesquisas a consolidação da rejeição do presidente. "Há uma consolidação da sua rejeição em patamares que ele (Lula) não tinha na eleição passada", afirmou o governador Aécio Neves, ao comentar o resultado das últimas pesquisas. "É a partir da consolidação dessa rejeição que nós devemos lutar para estarmos no segundo turno e a partir daí, vencer as eleições." O tucano reconheceu que não será uma eleição fácil. Mas acredita que seu partido poderá se impor, no debate, apontando a fragilidade do atual governo. "No momento em que estiver clara qual é a candidatura do PSDB e ela passar a se contrapor à candidatura do presidente Lula, acho que existe sim espaço para crescimento." O receio das conseqüências da disputa entre Serra e Alckmin também é grande entre prefeitos e candidatos a deputado do PSDB em São Paulo. Eles temem que a divisão tucana dentro do Estado, sem que haja um candidato natural à sucessão de Alckmin, comprometa as chances dos tucanos vencerem pela quarta vez consecutiva a eleição para governador. A indefinição do candidato tucano aumenta, no PFL, a expectativa de uma candidatura própria do presidente da Associação Comercial de São Paulo, Guilherme Afif Domingos, que lança, no próximo mês uma campanha por uma mobilização popular pela transparência dos impostos. (Colaborou Ivana Moreira, de Belo Horizonte)