Título: Economia global crescerá entre 3% e 3,4%, prevê Bird
Autor: Juliano Basile e Arnaldo Galvão
Fonte: Valor Econômico, 07/02/2006, Especial, p. A12

O diretor-executivo do Banco Mundial (Bird) para o Brasil, Otaviano Canuto, disse ontem que o crescimento econômico mundial tende a se acomodar em um patamar entre 3% e 3,4% em 2006, abaixo da taxa superior a 4% alcançada no ano passado, mas, ainda assim, considerado por ele "um crescimento saudável". Canuto considera ainda "muito factível" que o Brasil consiga crescer neste ano os 4% projetados pelo Banco Central. O economista, que foi secretário de Assuntos Internacionais do Ministério da Fazenda no atual governo, disse que entre os três mais importantes riscos que podem atrapalhar a continuidade do crescimento mundial, o aumento do preço do petróleo, provocado por fatores geopolíticos é o "mais considerável". Os outros dois são redução do consumo nos EUA provocado pelo estouro da "bolha imobiliária" (alta contínua dos preços dos imóveis) naquele país e eventual aversão de investidores internacionais aos papéis do Tesouro americano, dificultando o financiamento do déficit fiscal do país. Ele avalia esse último risco como de "baixa probabilidade" e considera que os preços dos imóveis na maior economia do mundo já atingiram o pico no ano passado e que a redução desses preços não tende a chegar ao ponto de causar fortes perdas patrimoniais aos proprietários, o que afastaria o risco de queda abrupta do consumo. Além disso, Canuto conta com a confirmação das expectativas positivas dos empresários em relação às economias do Japão e da Europa como fatores que podem amortecer algum problema vindo dos Estados Unidos. O diretor do Bird ressaltou, após palestra em seminário promovido pela Fundação Getulio Vargas (FGV), que as economias emergentes estão bem mais ajustadas do que estiveram em outros momentos de virada de ciclos econômicos, sendo mais resistentes a eventuais solavancos, e citou o Brasil como um exemplo dessa nova situação. Segundo Canuto, a continuidade do crescimento econômico da China e da Índia assegura a manutenção de preços elevados das commodities agrícolas e minerais, fatores favoráveis à posição do Brasil no comércio internacional.