Título: Venda de PC popular atrai mais varejistas
Autor: Heloísa Magalhães e Claudia Facchini
Fonte: Valor Econômico, 07/02/2006, Empresas &, p. B4

O programa "Computador para Todos", idealizado pelo governo federal, começou a deslanchar depois de permanecer vários meses enredado na burocracia estatal. Mais lojas estão recebendo o sinal verde do BNDES, cuja linha de crédito especial vinha chegando em conta gotas ao varejo. Duas empresas já tiveram financiamento aprovado, por meio da linha Finame, para a comercialização de computadores pessoais dentro do programa federal. Primeiro, foi o Pão de Açúcar, em 31 de janeiro. Ontem, foi a vez da Americanas.com., braço virtual da Lojas Americanas. Também ontem a Finame recebeu consulta de outro interessado, a TV SkyShop. Segundo o chefe do departamento de máquinas e equipamentos da Finame, Cláudio Leal, a demanda por recursos para financiar a venda do computador popular vai crescer. Em especial após o decreto presidencial, da semana passada, em que abre a linha para empresas com capital estrangeiro. Ao impedir o acesso de redes multinacionais, o governo excluía grandes varejistas, como Carrefour e Wal-Mart. Os consumidores podem dividir a compra de um computador completo, que custa R$ 1,4 mil, em 24 parcelas de R$ 69,90. De acordo com Leal, caso o varejista se comprometa a cobrar do consumidor juros de 2%, recebe um redutor na faixa de financiamento. Foi o que aconteceu com o Pão de Açúcar. As condições da operação na Finame são TJLP mais 1%, além do spread do agente financeiro. No caso do Pão de Açúcar foram aprovados R$ 2,4 milhões para lote de dois mil PCs fabricados pela Novadata. A varejista informou que, apesar de já recebido o sinal verde, ainda não pôde repassar o empréstimo. Isto porque o grupo ainda precisa que o fornecedor do equipamento, a Novadata, também conclua o procedimento. De acordo com o Pão de Açúcar, espera-se que todo este processo esteja finalizado nas próximas semanas. Até hoje, só o Magazine Luiza está repassando a linha de crédito criada pelo banco estatal. Mesmo assim, esses repasses estão sendo feitos no "fio do bigode" já que os trâmites burocráticos ainda não foram concluídos. A varejista e o BNDES possuem um acordo de cavalheiros que incluirá os financiamentos que já estão sendo concedidos desde janeiro pelo Magazine Luiza. De acordo com informações do banco, a proposta apresentada pelo Magazine Luiza é de financiamento direto e a sua aprovação está em fase final. Ela depende apenas da diretoria do banco. "Há uma forte demanda por computadores nas classes C e D. Só em janeiro, nós vendemos 21 mil máquinas, ou o equivalente a R$ 26 milhões", afirma Frederico Trajano, diretor comercial e de marketing do Magazine Luiza. Ele acredita que este ritmo será mantido nos próximos meses. A linha da Finame pode ser aprovada em até cinco dias após a entrada do pedido da varejista no banco, explicou Leal, do BNDES. Essa linha difere da modalidade de financiamento direto do BNDES porque é feita via agente financeiro. Os financiamentos diretos só são considerados quando o pedido supera R$ 3 milhões. No caso da Finame não há patamar mínimo. Mas algumas varejistas sequer se candidataram à linha de financiamento do banco estatal. Segundo Valdemir Colleone, supervisor geral da Lojas Cem, as condições impostas pelo governo não são vantajosas uma vez que o BNDES determina a taxa máxima de juros que pode ser cobrada pelas lojas. Segundo o executivo da Lojas Cem, esse teto não garante ao varejista uma margem aceitável de lucro na operação. "Se houver qualquer inadimplência nos financiamentos, passamos a ter prejuízo", diz Colleone. "Nós temos os nosso planos. Preferimos conceder os financiamentos seguindo as nossas próprias regras", afirma o executivo da varejista. A rede Lojas Cem cobra juros de 4,9% ao mês nos planos em 20 parcelas.