Título: Estudo prevê 2006 melhor para usinas brasileiras
Autor:
Fonte: Valor Econômico, 07/02/2006, Empresas &, p. B8

A queda menor que a esperada na cotação do aço nos Estados Unidos, os baixos estoques mundiais e as negociações anuais para o carvão (que pode baixar entre 10% e 35%) são alguns dos fatores que podem garantir resultados mais auspiciosos para a siderurgia brasileira em 2006, prevê Marcelo Aguiar, analista do Merrill Lynch, em estudo recém divulgado. O fôlego aparece após uma série de reveses que acometeram o setor no ano passado - que vão da sobreoferta mundial ao dólar desvalorizado em relação ao real. De acordo com Aguiar, a recuperação da demanda doméstica de aços longos e planos pode beneficiar sobretudo o grupo Gerdau e a Usiminas. "As taxas de juros estão em queda, o desemprego está baixo e os investimentos do governo em obras graças ao ano eleitoral tendem a puxar o consumo para cima neste ano", afirmou o analista. Ele estima que as vendas internas de aços longos cresça 10% neste ano; já para os aços planos a previsão é de vendas 7% maiores em comparação a 2005. Ele também apontou a melhora nos níveis de preços internos já no segundo trimestre deste ano - para o aço longo (principal produto da Gerdau) o reajuste acumulado no ano pode chegar a 15%. O reajuste deverá chegar mais cedo para as exportações - ainda no primeiro trimestre. Aguiar prevê aumento médio de 8% em comparação a 2005 para os materiais destinados à exportação. A Gerdau inaugura, amanhã, a safra de balanços do setor siderúrgico brasileiro. O Merrill Lynch prevê que o grupo gaúcho obtenha lucro de R$ 2,69 bilhões em 2005, cerca de 5% inferior ao do ano anterior, por conta do aumento de custos de venda e de produção. As vendas líquidas devem subir de R$ 19,5 bilhões em 2004 para R$ 21,4 bilhões, no ano passado. Para 2006, a expectativa é de lucro de R$ 3,37 bilhões, com vendas líquidas de R$ 25 bilhões. Outros produtores de aço - Acesita, Arcelor Brasil, Usiminas e Cia. Siderúrgica Nacional (CSN) só devem apresentar seus números a partir da segunda quinzena de fevereiro. Segundo a analista do Banif Primus, Catarina Pedrosa, a taxa de câmbio deve prejudicar o balanço da Gerdau no quarto trimestre. Além de manter linhas nos Estados Unidos (Gerdau Ameristeel), o grupo destina boa parte de sua produção brasileira para o exterior, o que afetará sua performance. A estimativa de vendas líquidas entre outubro e dezembro de 2005 é de R$ 5,1 bilhões. O banco não divulgou suas previsões de lucro.