Título: Empresas e bancos lançam bônus no exterior
Autor: Cristiane Perini Lucchesi
Fonte: Valor Econômico, 07/02/2006, Finanças, p. C1

A queda no risco-Brasil - impulsionada ontem pelos rumores de que o país poderá ser o próximo após a Venezuela a ter sua classificação de risco de crédito elevada pela Standard & Poor's - estimula empresas e bancos a realizarem captações externas. Segundo o Valor apurou, mais de sete operações de bônus e empréstimos sindicalizados no exterior estão em andamento neste momento, em um total que passa os US$ 500 milhões. Agora que conseguiu o grau de investimento, espécie de selo de crédito não-especulativo das agências de rating, a Votorantim Industrial prepara uma visita aos antigos e também aos novos investidores mais conservadores que passa a acessar, revela Luiz Schiriak, diretor financeiro. A idéia não é vender nenhum bônus específico, mas sim a qualidade de crédito da empresa como um todo nos Estados Unidos e Europa. É o chamado "non-deal road show", disse Schiriak, que pretende iniciar sua viagem no dia 17 deste mês. Schiriak planeja também visitar as agências de rating, segundo informou. De acordo com ele, as empresas não-financeiras do Grupo Votorantim não precisam de recursos neste ano, mas ele não descarta a emissão de um bônus no mercado internacional, aproveitando as condições favoráveis. Neste momento, a Votorantim está concluindo empréstimo de US$ 100 milhões com a participação da EDC - Export Development Canada, agência de promoção das exportações canadenses -, informou Schiriak. Já a Cesp anunciou que vai visitar investidores a partir de depois de amanhã, dia 9 de fevereiro, até o dia 21, para emitir títulos em dólares. A operação da Cesp, liderada pelo Banco Finantia e pelo Banco Standard de Investimento, foi muito comentada no ano passado, mas acabou não saindo. Falava-se em valores de US$ 120 milhões, prazo de cinco anos e juros em torno de 11% ao ano, que devem ficar na casa dos 10% neste ano, segundo investidores. Agora, segundo a empresa, a emissão deve sair após o "road show", mas "sujeita às condições de mercado". Já o Banco PanAmericano anunciou ontem o lançamento de seus primeiros títulos no mercado externo, no total de US$ 50 milhões, de prazo de três anos, dentro do seu programa de US$ 300 milhões. Os líderes são o Banco Votorantim e o BES Investimento do Brasil. O objetivo é diversificar fontes de captação. A Viação Itapemirim vai emitir US$ 30 milhões, em papéis que vencem em três anos, pagando rendimento em torno de 11% ao ano e cupom (juro nominal) de 10,50% a 10,75% ao ano, segundo informou aos investidores. O líder da operação é a Queluz Securities. Os papéis têm como colaterais as dez concessões de linhas de ônibus interestaduais da companhia e os ativos da imobiliária Bianca, da família que controla a Viação Itapemirim. A empresa está em visita aos investidores no Chile, após viagem aos Estados Unidos e Europa. A única dívida da Viação Itapemirim são bônus externos de US$ 27 milhões que vencem agora nesta semana e serão pagos. O objetivo da empresa com a nova captação é rolar essa dívida externa. A Companhia de Força e Luz Cataguazes Leopoldina lança agora papéis de 24 meses, no valor de até US$ 20 milhões, e se dispõe a pagar rendimento de 8,25% a 8,75% ao ano ao investidor internacional. As empresas de distribuição Celpa, do Pará, e Cemat, do Mato Grosso, também estão com US$ 100 milhões em papéis de vencimento em seis anos no mercado internacional e se propõem a pagar rendimento de 9,5% ao ano. Do total captado, US$ 50 milhões irá para cada uma das duas empresas.