Título: Empresas siderúrgicas, mineradoras e petrolíferas andam na contramão
Autor: Vera Saavedra Durão, Francisco Góes e Catherine Vi
Fonte: Valor Econômico, 06/02/2006, Brasil, p. A3

Na contramão dos outros setores da economia, as indústrias siderúrgica, mineradora e de petróleo devem manter um ritmo mais forte de investimentos em expansão. Isso porque são beneficiados por um movimento mundial de alta das commodities, iniciado em 2004. Empresas como CSN, Vale do Rio Doce e Petrobras ainda projetam ampliação de capacidade para atender à forte demanda. Em 2005, o preço do minério de ferro teve aumento de 71,5%, o mais elevado de sua história e, este ano, a expectativa é de nova alta devido a uma demanda muito forte, principalmente por parte das siderúrgicas chinesas. Nesse cenário favorável, a Vale do Rio Doce anunciou um programa de investimentos de US$ 4,6 (R$ 10,1 bilhões) para 2006, recorde na vida da companhia e 40% acima do investido no ano passado. A maior parte dos investimentos para este ano, da ordem de R$ 4,6 bilhões, cerca de 46% do total, serão destinados à expansão da capacidade de produção de minério nas minas de Carajás e Minas Gerais. A meta da companhia é produzir para atender seus clientes globais. A CSN também está tocando um grande projeto na área de minério de ferro. Segundo analistas do setor, a siderúrgica tem planos de investir US$ 983 milhões na ampliação da mina Casa de Pedra de 16 milhões de toneladas/ano para 40 milhões de toneladas/ano a partir de 2008 ou 2009. Outro segmento que se beneficia em parte desse bom momento no cenário mundial é o de papel e celulose, mas já em bem menor escala. Isac Zagury, diretor financeiro da Aracruz Celulose, contou que o programa de investimento da companhia para este ano é de R$ 539 milhões ou um aumento de 13% ante 2005. "O investimento será meio a meio, para manutenção e também para aumentar em quase 10% a capacidade de produção total da empresa, de 3 milhões de toneladas/ano", disse Zagury. Fora dos setores ligados a commodities, as empresas que planejam aumentos para ampliar a produção constituem casos mais raros. Na Suez Brasil, controladora da Tractebel Energia, o presidente-executivo, Maurício Bähr, disse que a empresa vai investir R$ 50 milhões em manutenção e R$ 300 milhões em aumento da capacidade de geração. Já a Neoenergia planeja fazer investimentos de expansão na área de geração, mas divididos pelos próximos três anos. Segundo Marcelo Corrêa, presidente da companhia, na operação de distribuição, que é a principal da holding, os investimentos este ano serão concentrados em manutenção e modernização. Outro setor que já não investe mais grandes montantes é o de telecomunicações. A Telemar, por exemplo, anunciou que deve investir este ano R$ 2,5 bilhões, valor praticamente igual ao do ano passado. (VSD e CV, colaborou Heloisa Magalhães)