Título: Para tucanos, Lula só é competitivo no 1º turno
Autor: Maria Lúcia Delgado
Fonte: Valor Econômico, 06/02/2006, Política, p. A4

Eleições Líder do PSDB diz que há um teto para o crescimento do presidente

A recuperação gradual da popularidade do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, revelada na última pesquisa Datafolha, dá novo ânimo aos petistas com a reeleição e, ao mesmo tempo, é apontada pelos dirigentes do PSDB como um resultado esperado depois das últimas medidas populares tomadas pelo governo, especialmente o aumento do salário mínimo para R$ 350. A cúpula do PSDB discute internamente um compromisso para que o próximo presidente apresente no início de mandato uma proposta de emenda constitucional (PEC) para acabar com a reeleição e instituir o mandato de cinco anos, mas somente para quem tomar passe a partir de 2010. Na pesquisa Datafolha, Lula perderia no segundo turno para o prefeito de São Paulo, José Serra, por 49% a 41%. No primeiro turno, Lula e Serra estão tecnicamente empatados, com 33% e 34% das intenções de voto, respectivamente. Na simulação com o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, Lula venceria a disputa com folga, por 48% a 39%. A pesquisa foi realizada nos dias 1º e 2 de fevereiro, em 153 municípios. Foram entrevistados 2.590 eleitores. Para o PSDB, Lula tem um teto e dificuldades para crescer entre as classes média e alta, o que favorece o candidato tucano. Apesar de Lula ter mais votos nas classes com renda até 10 salários mínimos, José Serra, segundo dirigentes tucanos, tem boa avaliação na classe alta e possibilidade de crescimento também nas camadas mais populares. Em pesquisas qualitativas encomendadas pelo PSDB, Serra teria mais de 60% dos votos das classes A e B, enquanto Lula só alcança por volta de 20% dos votos. Já nas classes mais baixas, Lula é o preferido, mas o desempenho de Serra é razoável, consideram os tucanos. "Acho normal essa recuperação de Lula por conta do discurso que faz e da ginástica notável para se recuperar", disse o líder do PSDB no Senado, Arthur Virgílio (AM). "Antes da crise ética, eu achava que Lula já não tinha grandes patamares, ele chegava a 42% quando disputava com candidatos mais estreitos, e já oscilava entre 38% e 36% quando o candidato era o Serra." Para o líder tucano, Lula antes era muito competitivo e, agora, é "relativamente competitivo apenas no primeiro turno". "No segundo turno, se um candidato amplo e elástico o enfrentar, a derrota de Lula é inevitável", sentenciou. Para o PT, as políticas sociais desenvolvidas pelo governo explicam a recuperação da popularidade do presidente e dão chances de vitória na reeleição.