Título: Venda de ações do BB não terá uso do FGTS
Autor: Altamiro Silva Júnior
Fonte: Valor Econômico, 06/02/2006, Finanças, p. C2

O secretário do Tesouro Nacional e presidente do Conselho de Administração do Banco do Brasil, Joaquim Levy, descartou o uso do FGTS para a compra de ações na oferta que o banco planeja fazer ainda no primeiro semestre. Na sexta-feira, as ações do banco caíram 3,3%, a segunda maior queda do dia, mas ainda acumulam alta de 37% no ano e 8,3% no mês. "Não é o espírito da operação (o uso do FGTS). Se houver a venda de ações, será uma oferta normal, sem incentivos", disse o secretário. Uma das razões para não permitir a compra dos papéis com o fundo, como aconteceu nas operações da Petrobras e da Vale do Rio Doce, é o passivo do FGTS. Por conta de ajustes decorrentes do Plano Verão (1989) e Plano Collor (1990), o Supremo determinou em 2001 uma correção de cerca de 40% no passivo do FGTS, que deve se estender até 2011. "Enquanto esse processo de ajuste não se completa, tem que se ter bastante cuidado sobre como se usa o fundo, em particular do lado passivo de suas obrigações", afirma Levy. Segundo o secretário, há um esforço para terminar "em breve" estudo sobre a participação dos estrangeiros no banco. Por enquanto, a venda será apenas dos 7,5% do capital, anunciado na quinta-feira à noite. O Tesouro participa da operação por meio do Fundo de Garantia à Exportação (FGE). O BNDES e a Previ (o fundo de pensão dos funcionários do BB) são os outros dois vendedores. "Esta é um decisão dos acionistas. Já a decisão de aumentar a participação dos estrangeiros tem que ser mais trabalhada, porque depende do governo", disse o secretário. O Valor apurou que se estuda aumentar a fatia dos estrangeiros no banco dos atuais 5,6% para 21%. A esperada adesão do banco ao Novo Mercado, segmento da Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa), para empresas com alto padrão de governança corporativa e respeito aos acionistas, também ficou para um segundo momento, segundo Levy.