Título: Produção de bens não-seriados cresce e estimula indústria
Autor: Sergio Leo
Fonte: Valor Econômico, 09/02/2006, Brasil, p. A4

A indústria deve crescer, em 2006, no mesmo ritmo do ano passado, quando aumentou em 3,1%, segundo prevê o Boletim de Conjuntura Industrial da Associação Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI) e do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), divulgado ontem, em Brasília. "A perspectiva de novos cortes na taxa de juros e o resultado de dezembro indicam que a desaceleração do segundo semestre pode estar no fim", afirma o boletim, que ressalta o aumento das exportações e dos investimentos das empresas industriais, especialmente nos chamados bens de capital "não-seriados" - máquinas e equipamentos feitos por encomenda. A produção desses bens aumentou 10,4% em relação a 2004. "O aumento nas compras desses bens para fins industriais nos dá confiança de que o crescimento da indústria se repetirá neste ano", comentou Mário Salerno, diretor de desenvolvimento industrial da ABDI. O boletim dá destaque aos resultados dos programas de apoio à inovação e investimentos em tecnologia, que, segundo Salerno, deverão ganhar forte impulso a partir do dia 14, quando o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) anunciará a mudança nas regras de financiamento, para incluir, nos projetos apoiados pelo banco, também os investimentos em inovação pelas empresas. "Hoje, 90% dos recursos para investimentos em pesquisa e desenvolvimento vêm das próprias empresas", lembrou o economista João de Negri, do Ipea. As empresas gastam R$ 5,7 bilhões por ano em pesquisa e desenvolvimento, um valor equivalente a 0,7% do faturamento industrial, bem abaixo dos até 2,7% gastos nos países desenvolvidos. "Nossa estratégia prevê investimento, pelas empresas, de 1% a 1,5% do faturamento, em até oito anos", comentou Negri. O financiamento a ser concedido pelo BNDES terá taxa de juros de 6% ao ano e complementará os recursos destinados pela Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) a esse tipo de projeto, com os atuais fundos setoriais, que serão mantidos. O boletim lembra que, no ano passado, o crescimento no emprego industrial foi menor que em 2004, e que, segundo os últimos dados disponíveis, entre janeiro de novembro de 2005, houve queda expressiva no emprego dos setores de vestuário (3,6%), madeira (8,37%) e calçados (11,6%). À exceção deste último setor, porém, a queda no emprego foi menor que a redução da atividade setorial.