Título: Assembléia adia votação do Orçamento e beneficia PFL
Autor: Cristiane Agostine
Fonte: Valor Econômico, 09/02/2006, Política, p. A12

Sem maioria consolidada na Assembléia Legislativa e sofrendo os reflexos do atrito entre PT e PSDB no plano nacional, o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB) luta para aprovar o Orçamento e as contas da administração antes de sair do governo. O principal beneficiário da demora na aprovação é o PFL, que herdará um caixa mais recheado para investimentos e distribuição de recursos para atender emendas parlamentares. Pefelistas contam com o superávit da arrecadação para incrementar o caixa estadual. Enquanto a aprovação não vem, Alckmin só pode usar um duodécimo do Orçamento. Dessa forma, o vice Cláudio Lembo (PFL) assumiria com mais recursos para executar. "O PFL conta com o controle do Executivo e do Legislativo. É um poder de fogo enorme", avalia o deputado Milton Flávio (PSDB). O clima na Assembléia está tenso desde que os pefelistas derrotaram o PSDB na eleição da presidência da Casa e diminuíram a participação dos tucanos nas principais mesas. Em acordo feito com o PT, o PFL manobrou contra o governo de olho no cenário futuro desenhado com a saída de Alckmin. Com a presidência da Casa e o governo do Estado, o PFL ganharia musculatura dentro do Estado até mesmo para alçar vôo com candidato próprio ao governo paulista. Para diminuir os atritos e melhorar a relação de tucanos e pefelistas, o presidente da Casa, Rodrigo Garcia (PFL) tem atuado para esfriar os ânimos na disputa. Com a proximidade do prazo de desincompatibilização, o PFL voltou a se aproximar do PSDB e chegou a pedir ao PT para que recue no bloqueio da votação do Orçamento. Articulando na oposição, o PT vangloria-se de ter conseguido atrasar em mais de 50 dias a votação depois do fim do ano legislativo de 2005, mas começou a recuar com o apelo de Rodrigo Garcia. Sem acordo para agilizar a votação, o líder do governo, deputado Edson Aparecido, dedicou horas de conversas com o líder do PT para viabilizar o início das 12 horas de discussão do Orçamento. "Até o início da semana que vem votaremos", disse Aparecido. Com as divergências no plano nacional entre o PT e o PSDB, os deputados petistas vinculam a votação do Orçamento estadual a duas questões: a aprovação do Orçamento da União e a incorporação de emendas parlamentares no projeto de lei, consideradas fundamentais em ano eleitoral. "O PSDB paga aqui pelos próprios erros. Não tem acordo se eles não acatarem as duas condições", impôs Renato Simões, líder do PT. Com mais facilidade que Alckmin, o prefeito de São Paulo, José Serra (PSDB), aprovou suas contas e orçamento em dezembro e convocou os vereadores em 03 de janeiro para votar o o projeto de terceirização de serviços da Saúde.