Título: Tarifas antidumping sobre o suco de laranja do Brasil ratificadas nos EUA
Autor: Fernando Lopes
Fonte: Valor Econômico, 09/02/2006, Agronegócios, p. B11
Citricultura
Decisão da americana Comissão Internacional do Comércio (ITC, na sigla em inglês) divulgada ontem deverá manter por pelo menos três anos as tarifas antidumping definidas pelo Departamento de Comércio dos Estados Unidos sobre a entrada no país de suco de laranja embarcado por algumas das maiores indústrias brasileiras. Em votação apertada, a ITC acatou a reclamação de produtores locais de que as vendas das empresas do Brasil causam danos ao setor nos EUA. Houve três votos favoráveis à tese e três contrários, e em caso de empate vence sempre o propositor da ação. Em janeiro, o Departamento de Estado ajustou as tarifas antidumping definidas no ano passado. Para a Cutrale, maior exportadora brasileira de suco de laranja, a sobretaxa ficou em 19,19%. No caso do Grupo Fischer, dono da Citrosuco, a tarifa é de 9,73%. A Montecitrus, que desistiu de se defender, foi sobretaxada em 60,29%. Sobre as demais empresas incidirá uma sobretaxa média ponderada de 15,4%. Ainda que represente uma fatia menor que 20% nas exportações totais do Brasil desde a safra 1995/96, a decisão americana preocupa a Associação Brasileira dos Exportadores de Cítricos (Abecitrus). Segundo Ademerval Garcia, presidente da entidade, as vendas aos Estados Unidos vinham crescendo no ano passado em consequência dos problemas de oferta vividos pela citricultura americana desde a passagem de furacões pelos pomares da Flórida nos últimos dois anos. "Nossas exportações para os EUA cresceram 33% em 2005 na comparação com 2004 e alcançaram 151 mil toneladas. Mas, a partir de agosto, quando as primeiras sobretaxas entraram em vigor [antes da revisão do Departamento do Comércio], voltaram a recuar. De agosto a dezembro, a queda em relação ao mesmo período de 2004 foi de 11%". Segundo Garcia, a única possibilidade para que as tarifas não perdurem por pelo menos três anos é a abertura de um comitê de arbitragem na Organização Mundial do Comércio (OMC). "Mas isso dependerá do governo", disse.