Título: Novos casos no PR serão avisados à OIE
Autor: Alda do Amaral Rocha e Mauro Zanatta
Fonte: Valor Econômico, 09/02/2006, Agronegócios, p. B12

O Ministério da Agricultura deve comunicar nos próximos dias à Organização Mundial de Saúde Animal (OIE) o diagnóstico positivo de novos focos de febre aftosa no Paraná. Em reunião com veterinários paranaenses, na terça-feira, a equipe técnica da Secretaria de Defesa Agropecuária defendeu a notificação imediata de pelo menos três novos focos da doença como única forma de reabrir os mercados externos para as carnes do Estado. "Foi encontrada uma proteína que não é reação à vacina. Então, não há dúvidas", afirmou uma fonte oficial ao Valor. Apesar da tentativa da bancada ruralista em costurar um acordo político na cúpula dos governos federal e estadual, as equipes veterinárias divergem sobre a existência dos novos focos e os procedimentos adotados. Os paranaenses querem o isolamento do vírus da aftosa para reconhecer a doença. O ministério usa os resultado positivos de parte das 2.205 amostras de sangue colhidas em dez fazendas de Grandes Rios, Amaporã, Maringá, Loanda e Bela Vista para forçar o reconhecimento. Além disso, a partir de estudos epidemiológicos, a equipe do ministério não tem dúvidas sobre uma "nítida vinculação" entre os resultados positivos com os focos originais da doença em Mato Grosso do Sul. Alguns resultados deram 12% de positividade para a aftosa em animais com idade entre 12 e 24 meses, faixa etária mais importante para determinar a ocorrência da doença. Normalmente, esse índice chega a 1%. Na reunião de terça, o ministro Roberto Rodrigues e o vice-governador do Paraná, Orlando Pessuti (PMDB), começaram a desatar o nó das disputas políticas que atrapalharam uma resolução rápida do caso da fazenda Cachoeira, em São Sebastião da Amoreira. Pessuti está disposto a sacrificar os animais, segundo deputados ruralistas. Mas quer garantir empenho máximo do ministério para tentar na OIE a redução do prazo de seis meses exigidos à retomada do status de livre da doença com vacinação. Há boa vontade de ambas as partes, segundo os ruralistas, mas as equipes técnicas não se entendem. O secretário de Defesa Agropecuária, Gabriel Maciel, afirmou que é preciso ter cautela para tomar a decisão de comunicar um novo foco à OIE. O secretário informou que os registros sobre o trânsito dos animais das dez fazendas já estão sendo analisados pelo ministério.(MZ)