Título: Província com foco fica na fronteira com Paraguai
Autor: Alda do Amaral Rocha e Mauro Zanatta
Fonte: Valor Econômico, 09/02/2006, Agronegócios, p. B12

A Argentina confirmou ontem um foco de aftosa em uma propriedade em San Luís del Palmar, na província de Corrientes, no norte do país, que faz fronteira com o Paraguai e com o Rio Grande do Sul. O foco, localizado na margem direita do Rio Paraná, está a 280 km da fronteira com o Estado brasileiro e a 25 km do Paraguai. O Serviço Nacional de Sanidade e Qualidade Alimentar (Senasa) informou que vai sacrificar com "rifle sanitário", no próximos dias, os 70 animais bovinos nos quais a doença foi confirmada. Os demais três mil animais da mesma propriedade serão abatidos e enviados a um frigorífico para abate destinado ao consumo interno. Com a confirmação do foco, a Argentina perde o status de "livre de febre aftosa com vacinação", suspenso pela Organização Mundial de Saúde Animal (OIE). A conseqüência imediata foi o fechamento de importantes mercados às exportações argentinas. Ontem, Chile e Uruguai anunciaram a suspensão das compras. A expectativa, segundo fontes do Senasa, era de que o mais importante mercado para a carne argentina, a Rússia, também suspendesse as compras. "Fizemos um longo trabalho com os Estados Unidos para conseguir abrir o mercado americano. Agora, é provável que eles suspendam tudo por pelo menos mais dois anos", disseram as fontes. Os principais compradores de carne fresca argentina, segundo números do ano passado do Senasa, são Rússia (189 mil toneladas, US$ US$ 337 milhões) e Chile (57 mil toneladas, US$ 143 milhões). Logo após a confirmação do foco, o governo argentino fez um comunicado à OIE e aos mercados compradores de carne argentina. Entre as medidas sanitárias já adotadas pelo governo argentino está o isolamento da região em que a doença foi encontrada, impedindo o trânsito de cerca de 30 mil animais. A região compreende os municípios de San Luis del Palmar, Empedrado, general Paz, Itati, san Cosme, capital, Berón de Astrada e Mburucuya. O governo também vai rastrear todo o trânsito de animais na região para determinar a origem da infecção. Além disso, o Senasa informou que vai acelerar a campanha de vacinação, iniciada no início deste mês. Em vez dos 60 dias previstos, a campanha deve ser realizada em um período entre 30 e 40 dias. Apesar das conseqüências negativas causadas pela confirmação do foco, Corrientes não faz parte da maior região produtora argentina, ao Pampa Úmido. Essa região é formada pelas províncias de Buenos Aires, La Pampa, Entre Rios e Córdoba. Há mais de dois anos não era confirmado nenhum foco de aftosa na Argentina. A notícia acontece em meio a uma discussão do governo argentino com os produtores de carne para reduzir as exportações (equivalentes a 24% da produção nacional) e aumentar a oferta interna. O governo ameaçou aumentar o imposto sobre as exportações de carne na semana passada, caso o preço interno não caísse.