Título: Garotinho apóia regras da prévia do PMDB
Autor: Paulo de Tarso Lyra
Fonte: Valor Econômico, 10/02/2006, Política, p. A8

Mesmo sob o risco de sair prejudicado com o resultado da prévia do PMDB, o pré-candidato e ex-governador Anthony Garotinho disse aprovar o mecanismo de consulta à base partidária. De acordo com a regra, o candidato que receber o maior número de votos não será, necessariamente, o vencedor: o resultado é ponderado com o número de senadores eleitos - e governador, no caso do Distrito Federal - e depende do peso percentual que os pemedebistas exercem nos Estados. Otimista, o ex-governador reiterou que o critério será bom para sua candidatura. "Isso é democracia, o que eu posso fazer? O regulamento das prévias foi aprovado em espírito de comunhão por todos os participantes e é um critério justo", afirmou. As regras da prévia foram estabelecidas em uma reunião da Executiva Nacional, no ano passado, em que a ala gaúcha do partido teve grande influência. O colégio eleitoral pemedebista, de mais de 22 mil votos, Garotinho confia que dominará pela base, enquanto o governador Germano Rigotto espera ter a preferência dos governadores. "A influência da cúpula é diluída porque, na verdade, quem tem o poder na ponta é muito mais o prefeito, o vereador". Sem o apoio dos governadores de Santa Catarina, Luiz Henrique da Silveira, de Pernambucano, Jarbas Vasconcelos, e do ex-governador de São Paulo Orestes Quércia, Garotinho tenta reverter o prejuízo nos Estados com grandes colégios eleitorais nas prévias. Como forma de pressão, tem usado o nome de Quércia em discursos pelo interior paulista e propôs a ele ser um grande cabo eleitoral para a eventual candidatura ao governo de São Paulo. A cúpula partidária, onde Garotinho não é bem visto, foi o alvo novamente das críticas do ex-governador. Em seu entendimento, os senadores Renan Calheiros e José Sarney desfiguram a identidade do PMDB, ao tentar derrubar a tese de candidatura própria à Presidência. Em palestra a empresários na Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos, ontem, em São Paulo (Abimaq), traçou propostas para a política econômica, como controle do tempo dos investimentos no país, reforma do Conselho Monetário Nacional e controle do dólar entre R$ 2,70 e R$ 2,90. "Não sou risco à estabilidade econômica, mas aos ganhos exorbitantes do mercado financeiro".