Título: Alencar confirma saída, mas não revela futuro político
Autor: Paulo de Tarso Lyra
Fonte: Valor Econômico, 10/02/2006, Política, p. A8

O presidente em exercício, José Alencar, confirmou ontem que deixa o Ministério da Defesa dentro do prazo de desincompatibilização - 31 de março. Mas não adiantou qual será o seu futuro político. Após reunião de mais de quatro horas com petistas de Minas Gerais, Alencar deixou o Palácio do Jaburu garantindo que não disputará cargos eletivos em outubro. "Eu não sou candidato a nada. Só pedi ao presidente para me desincompatibilizar porque não queria passar pelo impedimento de não poder ser", tergiversou. Alencar também foi evasivo em relação à possibilidade de pleitear a permanência como vice na chapa de Lula. O Planalto flerta principalmente com o PMDB, mas, diante das dificuldades de uma aliança com o partido, o nome do ministro da Integração Nacional, Ciro Gomes, ganhou força. "Não existem candidatos a vice, esse cargo deve ser fruto de negociação", acrescentou o mineiro. O presidente em exercício negou que tenha dado pistas de seus planos aos petistas das bancadas federal e estadual de Minas, que se reuniram com ele na tarde de ontem. Sobre a sucessão presidencial, Alencar afirmou que Lula é "mais do que favorito". Ele demonstrou otimismo diante dos bons números divulgados em pesquisas eleitorais recentes. "Lula é o melhor candidato. É evidente que não se pode falar de vitória antes da eleição acontecer, mas ele tem 90% de chances de vencer. Lula tem sensibilidade social, sentimento nacional e espírito cívico". A indefinição sobre o destino político de Alencar também embola a sucessão mineira, principal assunto da conversa da tarde de ontem no Palácio do Jaburu. Ao migrar do PL para o nanico Partido Republicano Brasileiro (PRB), preterindo o retorno ao PMDB, Alencar complicou o cenário em Minas. O PT ainda tenta uma aliança com o PMDB para derrotar a candidatura à reeleição do tucano Aécio Neves. De acordo com o presidente do PT de Minas, Nilmário Miranda, Alencar colocou-se à disposição para participar do cenário eleitoral, mas não explicitou de que maneira. "É evidente que ele tem um grande peso em Minas e todas as negociações e conversas políticas têm que passar por ele", reconheceu Nilmário. (PTL)