Título: Ministros fazem périplo para entregar projeto do mínimo
Autor: Paulo de Tarso Lyra
Fonte: Valor Econômico, 10/02/2006, Política, p. A8

Quatro ministros - Luiz Marinho (Trabalho), Paulo Bernardo (Planejamento), Jaques Wagner (Coordenação Política) e Nelson Machado (Previdência) - fizeram um périplo ontem nas presidências do Senado e da Câmara para entregar o projeto de lei que reajusta o salário mínimo para R$ 350. Para garantir a simpatia do Congresso Nacional em ano eleitoral, o governo optou por encaminhar o reajuste em forma de projeto de lei e, não, medida provisória. "Nós atendemos um pedido do próprio Congresso. Mas, evidentemente, se o Congresso demorar a votar, vamos ter que retirar o projeto e editar uma MP, para garantir o reajuste até primeiro de abril", ameaçou Marinho. Luiz Marinho admite que o reajuste de R$ 300 para R$ 350 será questionado pela oposição, que já fala em apresentar emendas elevando esse valor para, pelo menos, R$ 375. "Mas não foi uma negociação fácil, fizemos o esforço para conceder o maior reajuste possível, dentro de uma negociação com as centrais sindicais. Não vejo espaço para um valor maior do que esse", declarou o ministro do Trabalho. Para o ministro da coordenação política, Jaques Wagner, a experiência do ano passado mostrou que a oposição poderá sair muito mais desgastada do que o governo caso emperrem as discussões sobre o salário mínimo no Congresso. "Nós trabalhamos no limite de nossas possibilidades, no limite do Orçamento", adiantou o ministro. Wagner reconheceu que os prefeitos estão pressionando para um reforço do caixa, como o aumento de um ponto percentual do FPM, para ajudar a custear o reajuste do salário mínimo. "Muitos desses prefeitos são de partidos de oposição. Se eles têm dificuldade em pagar R$ 350, que dirá um valor acima disso", declarou o coordenador político do governo. Outra medida do governo, de olho nos votos da classe média - a correção de 8% na tabela do Imposto de Renda - ainda não tem previsão de quando sairá para o Congresso. De acordo com os ministros, estão sendo dados os últimos retoques na MP, que ainda está sob análise da secretaria da Receita Federal. "A correção da tabela do IR em 8% é um compromisso assumido pelo governo", disse o ministro da coordenação política, Jaques Wagner. (PTL)