Título: Setores como brinquedos e óculos buscam proteção
Autor: Raquel Landim
Fonte: Valor Econômico, 10/02/2006, Especial, p. A14

Outras disputas comerciais prometem complicar as relações entre Brasil e China em breve, apesar do acordo para limitar as importações de produtos têxteis, o setor mais sensível do comércio bilateral. Os fabricantes de óculos, brinquedos e auto-falantes já entregam ao governo seus pedidos de salvaguarda. O setor de máquinas e equipamentos promete fazer o mesmo. Segundo fontes da indústria, técnicos do governo prometeram abrir algumas as investigações esse mês. O secretário-executivo do ministério do Desenvolvimento, Ivan Ramalho, garantiu que os setores que sentirem prejudicados podem utilizar as salvaguardas. A demanda chinesa de que o Brasil abdicasse do instrumento em troca do acordo na área têxtil não foi aceita. No texto do acordo, um parágrafo menciona apenas que os dois países se propõem a buscar um entendimento também em outros setores. O presidente do Sindicato Interestadual da Indústria de Óptica do Estado de São Paulo, Rinaldo Dini, acredita que o setor já cumpriu todas as exigências para comprovar os danos provocados pelos produtos chineses. "Só falta a boa-vontade do governo", reclama. Ele diz que a demora na adoção das salvaguardas está prejudicando as empresas. Os produtos chineses representam hoje 80% dos óculos vendidos no Brasil. A indústria nacional responde apenas por 5% do total. Segundo Dini, as fabricantes brasileiras tem condições de atender 50% do mercado sem risco de desabastecimento, porque trabalham com uma capacidade ociosa muito alta. A Associação Brasileira dos Fabricantes de Brinquedos (Abrinq) protocolou seu pedido de salvaguardas contra a China em 30 de dezembro de 2005. Synésio Batista da Costa, presidente da entidade, espera uma resposta do governo até o dia 30 de março. Ele explica que a Abrinq solicitou uma alíquota de importação de 300% para os produtos chineses, além de uma redução de 80% nos volumes importados. Esse acordo deixaria a indústria nacional com 60% do mercado e os importadores com 40%. Segundo a Abrinq, as fabricantes brasileiras atendem hoje 50% das vendas de brinquedos do país. Os fabricantes de máquinas e equipamentos também estão fazendo as contas para solicitar salvaguardas ao governo. Já os calçadistas estudam pedir a aplicação de uma medida antidumping contra os chineses. Segundo Heitor Klein, diretor-executivo da Associação Brasileira da Indústria de Calçados (Abicalçados), a China está exportando para o Brasil abaixou do preço praticado no mercado internacional. Mas ainda não há uma data para a entrega do pedido da Abicalçados ao governo. (RL)