Título: Plano de combate à gripe aviária terá de ser refeito
Autor:
Fonte: Valor Econômico, 10/02/2006, Agronegócios, p. B11

O programa de prevenção e combate à influenza aviária e à doença de Newcastle do Ministério da Agricultura terá de ser refeito a partir de uma nova rodada de negociações com o setor privado. O secretário de Defesa Agropecuária, Gabriel Maciel, disse ontem que a consultoria jurídica do ministério vetou a proibição do trânsito interestadual de aves vivas e material genético. "Sem isso, teremos que rever tudo e achar uma solução com o setor privado". O novo programa, anunciado pelo ministro Roberto Rodrigues em dezembro de 2005, deveria ter entrado em vigor em 1º de janeiro. Mas a falta de pessoal especializado no ministério e os entraves jurídicos à principal mudança do antigo plano de regionalização sanitária da avicultura condenaram o programa ao fracasso. O programa declararia os Estados zonas livres e os trataria de forma separada para facilitar o controle e a erradicação de possíveis focos de doenças. Seriam permitidos apenas o transporte de animais abatidos de um Estado para outro. Os produtos avícolas teriam que ser transportados por corredores sanitários e passar por postos fiscais previamente indicados. Haveria o monitoramento de aves migratórias num raio de 10 km em torno das áreas de trânsito. O setor privado tem pedido urgência ao governo para tirar o plano do papel em razão dos temores despertados pelo vírus da influenza aviária - o H5N1 - , que chegou nesta semana à Africa. O governo considera que são baixas as chances de a doença chegar ao Brasil. Mas as aves migratórias vindas da América do Norte, vetores da doença, ameaçam a tranqüilidade brasileira. As preocupações têm fundamento, segundo especialistas. O Brasil já teve registro de influenza de baixa patogenicidade - dos tipos H3 e H4 - em aves migratórias identificadas em Galinhos (RN), Manaus (AM), no Arquipélago de Bailique (AP) e na Lagoa do Peixe (RS). Em 20 anos de monitoramento, o Ibama registrou 163 aves migratórias no Brasil - 93 delas partiram dos EUA e do Canadá. (MZ)