Título: Partido aumenta número de filiados, apesar da crise e das dissidências
Autor: Paulo de Tarso Lyra
Fonte: Valor Econômico, 13/02/2006, Política, p. A7

A crise que afetou o PT ao longo do ano passado e o surgimento do P-SOL não tiveram impacto no número de filiados do partido. Na sexta, dia em que completou 26 anos, o partido divulgou ter recebido 29.583 filiações no ano passado, ante apenas 5.418 desligamentos. Está hoje com 864 mil filiados. O crescimento surpreendeu a própria direção do partido. "Em 2005, muitos ativistas saíram do PT depois da eleição interna para a direção do partido. Talvez esta entrada seja de simpatizantes que buscaram o PT como uma forma de se solidarizar com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva", sugere a secretária de Formação Política da sigla, Marlene da Rocha. Um sinal neste sentido é o fato do maior crescimento proporcional ter ocorrido em Estados do Norte e Nordeste, como Ceará, Bahia, Rio Grande do Norte, Roraima e Acre, onde a popularidade do presidente é maior. Outro indicador é a queda do número de desfiliações do primeiro semestre - em que a crise ainda não estava instalada - para o segundo. O aumento também está relacionado com a expansão da máquina municipal do partido. Somente nestes cinco Estados, o total de prefeitos passou de 17 em 2000 para 52 em 2004. Logo após a eleição interna do PT, em setembro, o partido perdeu sete deputados federais e o candidato derrotado à presidência da sigla, o ex-deputado paulista Plinio de Arruda Sampaio, que obteve 13% dos votos, sendo 19% em São Paulo. Cinco destes parlamentares e Plínio foram para o P-SOL e dois foram para o PDT. A legenda formada por ex-petistas também recebeu a filiação de três deputados estaduais e diversos vereadores, mas nenhum prefeito. O crescimento do número de militantes fez com que a direção da sigla decidisse retomar o projeto de criar uma escola nacional de formação de quadros. Neste final de semana, ao fim de uma reunião de três dias em Cajamar (SP), foi criada uma comissão para estruturar o que deverá ser a Escola "Apolônio de Carvalho". Segundo Marlene da Rocha, a intenção é montar cursos de capacitação para os petistas que exercem cargos públicos e de formação técnica e teórica para militantes que desejam se candidatar. "Nossa idéia é ter cursos frequentados pelo militante de base e pelos governadores da sigla". disse a dirigente. Marlene da Rocha afirmou que atualmente já é regra no PT exigir cursos de formação política para que um filiado se habilite a concorrer a um cargo eletivo, mas a norma não é cumprida. "O partido tornou-se muito grande. Em alguns Estados, como Santa Catarina, esta norma é seguida à risca, mas em outros não", disse. A meta da direção da sigla é estruturar a Escola Nacional até o final de 2008, quando se encerra o mandato do deputado Ricardo Berzoini como presidente petista.