Título: Renan afirma que PMDB terá candidato próprio
Autor: Paulo de Tarso Lyra e Maria Lúcia Delgado
Fonte: Valor Econômico, 14/02/2006, Política, p. A10

O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), descartou ontem a possibilidade de seu partido indicar candidato à Vice-Presidência da República, nas eleições deste ano. "Falam no PMDB indicar um vice. Isso não existe nem em relação ao PT nem ao PSDB. O PMDB administra um cenário único: o da candidatura própria. Fora disso é só especulação", disse Renan depois de participar de um almoço promovido pela Câmara de Comércio Americana do Rio de Janeiro (Amcham-RJ). O senador afirmou que o PMDB optará por uma candidatura que una as diferentes correntes do partido, mas preferiu não adiantar se vai apoiar o governador do Rio Grande do Sul, Germano Rigotto, ou o ex-governador Anthony Garotinho, nas prévias do dia 19 de março. "O PMDB já definiu o rumo das prévias. Se escolheu esse rumo, paciência, temos que segui-lo. Vamos fazer de tudo para aproximar as correntes e unir o partido. Chega de divisão. O partido é muito forte regionalmente e precisa ser forte nacionalmente também", disse o senador. "O PMDB tem dois candidatos, são dois bons quadros, mas ainda não decidimos o que fazer". Ao ser questionado se a realização das prévias é inevitável, Renan garantiu que o partido trabalha com o cenário da candidatura própria. O que se discutiu, segundo ele, foi o calendário das prévias, uma vez que alguns integrantes do partido também gostariam de submeter seus nomes à votação, mas não conseguiram por causa da data escolhida. "O próprio Jobim (Nelson Jobim, presidente do Supremo Tribunal Federal) não conseguiu conciliar a saída do Supremo com o calendário das prévias. O Roriz (Joaquim Roriz, governador do Distrito Federal) gostaria de submeter seu nome. E esse calendário impossibilitou que isso acontecesse. Mas meu trabalho é para não dividir o partido. É para aproximar as correntes", afirmou Renan, considerado um dos defensores de uma aliança eleitoral do PMDB para chapa majoritária nas eleições desse ano. Em palestra na cerimônia de posse da nova diretoria da Câmara da Amcham-Rio, Renan destacou a importância da reforma política e da emenda constitucional que limita a edição de medidas provisórias e disciplina sua tramitação. Segundo o senador, 65% das sessões do Senado este ano ficaram trancadas pela edição "abusiva de MPs". O senador também defendeu a convocação extraordinária do Congresso: "É claro que a convocação desgastou, mas desgastou menos do que o Congresso teria se desgastado se nós estivéssemos em recesso".