Título: Argentina deverá perder até 20% do embarque de carne
Autor: Mariana Camarotti
Fonte: Valor Econômico, 14/02/2006, Agronegócios, p. B12

Os países que até agora embargaram as exportações de carne Argentina após a confirmação de um foco de febre aftosa no país responderam por US$ 615,3 milhões das exportações no ano passado (313,3 mil toneladas). A Argélia informou ontem por telefone ao governo argentino que também fechou suas portas às importações de carne provenientes de todo o território. Já são nove os países que impuseram formalmente restrições parciais ou totais ao produto. O governo argentino estima que as perdas devido ao foco de aftosa não devem ultrapassar 20% das exportações argentinas, ou cerca de US$ 280 milhões. "Dada a relevância do que aconteceu, é importante destacar que não vai ser tão grave como se esperava. Ainda menos se continuarmos fazendo gestões para reabrir os mercados que temos fechados hoje", disse o ministro de Agricultura, Pecuária, Pesca e Alimentação, do país Miguel Campos. Ele viajou ontem ao Chile, um dos países cujo embargo causa maiores impactos negativos nas exportações argentinas, juntamente com Israel. O foco de aftosa foi confirmado na quarta-feira da semana passada em uma propriedade de San Luis del Palmar, na Província de Corrientes, no norte do país - fronteira com Paraguai e Rio Grande do Sul. Até ontem, já haviam sido sacrificados 571 animais, entre os infectados e os que tiveram contato com o gado com a doença. O Serviço Nacional de Sanidade e Qualidade Alimentar (Senasa) está dando andamento ao sacrifício de outros 2,4 mil bovinos da fazenda na qual foi encontrado o foco. Além da Argélia, Chile, Brasil, Rússia, África do Sul, Israel, Colômbia, Uruguai e Singapura já haviam confirmado o embargo parcial ou total á carne Argentina. A União Européia (UE) deve confirmar esta semana o embargo apenas à Província de Corrientes. A UE respondeu por US$ 424 milhões das exportações do ano passado (74 mil toneladas). Paraguai e Peru estariam fazendo um comunicado formal de embargo nos próximo dias. O Brasil, que teve um foco de febre aftosa confirmado quatro meses atrás, já foi total ou parcialmente bloqueado por 56 países. O Senasa ainda investiga a causa do aparecimento da doença na Argentina e enviou amostras do vírus encontrado ao laboratório do Centro Panamericano de Aftosa (Panaftosa), no Rio de Janeiro. O órgão avalia a hipótese de que o vírus tenha sofrido uma variação resistente à vacina aplicada nos animais. O governo argentino espera divulgar a verdadeira causa do foco de aftosa em duas semanas. O Senasa não descarta a possibilidade de que a doença tenha entrado no país através de animais contrabandeados do Paraguai.