Título: Fábrica argentina abastecerá o Brasil
Autor: Marli Olmos
Fonte: Valor Econômico, 16/02/2006, Empresas &, p. B8
Nos últimos dias, a fábrica argentina do grupo francês PSA Peugeot Citroën começou a operar em dois turnos. O volume de produção extra, do modelo compacto Peugeot 206, servirá para abastecer o mercado brasileiro enquanto a fábrica instalada em Porto Real (RJ) está sendo preparada para funcionar em três turnos dentro de um ano. Em 2005, o grupo francês vendeu 80.400 veículos no mercado brasileiro. Isso representou um aumento de 26%, que significou o maior crescimento de vendas domésticas entre as montadoras instaladas no país. Também no ano passado, a fábrica brasileira, inaugurada em fevereiro de 2001, chegou a uma produção de 94 mil unidades, um aumento de 40%. A empresa está apostando nos carros com motor 1.4, que passaram a ser fabricados no Brasil recentemente. Hoje esse tipo de motor equipa os modelos compactos 206 da Peugeot e o C3 da Citroën. Daí o interesse do grupo em unificar as alíquotas do IPI. "Estamos triplicando as vendas do C3 com a chegada do motor 1.4", afirma o presidente do grupo PSA , Pierre-Michel Fauconnier. Se a proposta do grupo PSA de unificar o IPI imediatamente, como pretende Fauconnier, der resultado, o executivo prevê crescimento de até 15% do mercado brasileiro, o dobro do percentual que ele mesmo estima sem a unificação do tributo. Fauconnier explica que a empresa continua a apostar no funcionamento da indústria automobilística no Mercosul com a estratégia de divisão de operações entre Brasil e Argentina por tamanho de plataformas. No grupo PSA, os veículos pequenos serão fabricados no lado brasileiro enquanto que os médios sairão das linhas de montagem argentinas. Assim que a fábrica de Porto Real começar a operar com três turmas, a divisão estará mais nítida. Até lá, a empresa deverá lançar mais modelos pequenos para o Brasil. A unidade da Argentina já produz o modelo médio Peugeot 307 e se prepara para receber investimento de um carro da Citroën do mesmo porte, possivelmente o sedã C4. "Da mesma maneira que na Europa nossa produção divide as plataformas dos carros entre diversas fábricas, como França, Inglaterra e Espanha, o mesmo pode ser feito no Mercosul", afirma Fauconnier. A posição do executivo francês contrasta com a de outras montadoras, que extinguiram a produção de veículos na Argentina, provocando as reações que levam, agora, na renovação do acordo automotivo, a novos embates entre os dois países. (MO)