Título: Recorde de venda de NTN-B favorece melhora da dívida interna, indica BC
Autor: Arnaldo Galvão
Fonte: Valor Econômico, 16/02/2006, Finanças, p. C1

O Tesouro registrou, em janeiro, recorde de vendas de NTN-B, papel remunerado pela variação do IPCA com pagamento de juros (cupom) semestral. No mês passado, essas operações envolvendo o recebimento de dinheiro e outros títulos somaram R$ 39,8 bilhões. O coordenador de Operações da Dívida Pública, Ronnie Tavares, relacionou esse desempenho à melhora de três fatores da Dívida Pública Mobiliária Federal interna (DPMFi): composição, prazo médio e percentual vincendo em 12 meses. Esse movimento, segundo Tavares, foi provocado pelas expectativas de redução das taxas nominal e real de juros e ainda pela convergência da inflação para a meta. O estoque da DPMFi em janeiro chegou a R$ 984,93 bilhões, o que significa crescimento de 0,5% sobre o mês anterior. Considerando-se as operações de swap, reduziram-se as parcelas vinculadas aos papéis prefixados, à variação da Selic, ao câmbio e à TR. Por outro lado, cresceu a participação de títulos remunerados pela variação de índice de preços. Com relação à dívida ligada ao câmbio, o Banco Central (BC) ficou em posição ativa, ou seja, credora. Portanto, essa parcela cambial da DPMFi em janeiro, após swap, ficou negativa em 0,56%. O chefe do Departamento de Operações do Mercado Aberto do Banco Central, Ivan de Oliveira Lima, informou que os resgates líquidos de instrumentos cambiais em janeiro foram de US$ 7,4 bilhões. Em fevereiro, até ontem, esses resgates chegaram a US$ 2,6 bilhões. Oliveira Lima recusou-se a comentar com mais profundidade os efeitos dessa posição credora do BC na parcela cambial da DPMFi. Limitou-se a dizer que o Banco Central "age sempre na estratégia mais ampla de aumentar a capacidade de resistência a choques". "Se o governo continuar usando o swap cambial como um dos instrumentos, essa posição credora em dólares na dívida mobiliária interna vai continuar. Os swaps são apenas um dos instrumentos dessa estratégia. O mercado olha para a dívida consolidada e não somente para a DPMFi", explicou. A porcentagem dos papéis prefixados, em janeiro, reduziu-se de 27,86% (dezembro) para 26,70%, mas Tavares ponderou que esse mês é "cabeça de trimestre" e, portanto, concentra mais vencimentos. Considerando os swaps, a parte da dívida vinculada à Selic reduziu-se de 53,30% (dezembro) para 52,60%. Sem os swaps, a parcela ligada à taxa básica de juros caiu para 49,5%, a menor desde novembro de 2001. Os papéis ligados a índice de preços ampliaram seu espaço na DPMFi em janeiro, chegando a 19,15% (ante 15,53% em dezembro). Nas vendas de NTN-B em janeiro, Tavares informou que, dos R$ 39,8 bilhões recebidos, R$ 11 bilhões foram em dinheiro. Dos restantes R$ 29 bilhões arrecadados em títulos, o destaque ficou com a troca das LFT, que representou R$ 24,5 bilhões. O prazo médio do estoque da DPMFi, em janeiro, também foi impactado pelo recorde de vendas da NTN-B. Saiu de 27,4 meses (dezembro) para 28,8 meses. Em janeiro, aumentou o prazo médio das emissões, de 33,3 meses para 36,4 meses. O percentual da dívida vencendo em 12 meses caiu de 41,6% para 40,6%.