Título: Intelectuais defendem necessidade de mudanças no PT
Autor: Cristiane Agostine
Fonte: Valor Econômico, 17/02/2006, Política, p. A6

Em meio ao otimismo gerado com o crescimento das intenções de voto ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva em pesquisas de opinião, intelectuais e fundadores do PT alertam que a crise partidária ainda não foi resolvida. E defendem a possibilidade de o partido ficar fora das disputas eleitorais caso não apresente um projeto de mudanças ao país. Durante debate realizado entre um grupo de intelectuais do partido sob o tema "Democracia interna e transparência", a filósofa Marilena Chauí foi enfática ao defender que para o PT não há terceira via. "Só temos dois caminhos: ou a mudança que permita efetivamente alavancar a política institucional de esquerda no país ou o trabalho no interior da sociedade e a distância da forma da política institucional", afirmou Marilena. Mesmo com o aumento no número de filiados em 2005, o presidente da Fundação Perseu Abramo, Hamilton Pereira, disse que o partido deve ter mais diálogo interno e superar a "intuição": "Engana-se quem pensa que estamos voltando à normalidade. A crise não está resolvida. Temos que perguntar que tipo de normalidade queremos". Pereira ponderou que o partido deve apresentar propostas de mudanças e disse que o PT perdeu a capacidade de falar no palanque que é diferente dos outros. O debate entre os petistas foi centrado na defesa da reforma política. Marilena Chauí repudiou o sistema elaborado no período militar e que continua até hoje e analisou que sem mudanças nas regras político-partidárias e eleitorais as alianças continuarão a ser "complicadas e espúrias". "Nunca um partido brasileiro conseguirá a vitória no Executivo junto com a vitória no Legislativo", afirmou. "A crise não é do PT e sim do sistema político", afirmou Pereira.