Título: Na briga do algodão, país espera passo americano
Autor: Assis Moreira
Fonte: Valor Econômico, 17/02/2006, Agronegócios, p. B11

Comércio

O Brasil continua na expectativa de que os Estados Unidos retirem os subsídios ilegais concedidos aos produtores americanos de algodão, condenados pela Organização Mundial do Comércio (OMC). "Estamos esperando os passos que os EUA vão tomar", disse ontem (dia 16) o embaixador brasileiro junto à OMC, Clodoaldo Hugueney, indicando que não há ainda decisão sobre uma reativação da briga na OMC. Esta semana, em Washington, o secretário de Agricultura dos EUA, Mike Johanns, manifestou a "impressão" de que o Brasil não faria nada nos próximos meses, porque, segundo ele, Brasília reconhecia a "boa fé" americana em cumprir as decisões da OMC. Na verdade, suas declarações foram vistas na cena diplomática como um sinal de que o Brasil desistiria de levar adiante um pedido de painel de revisão para examinar o que os americanos cumpriram até agora sobre as decisões da OMC. Foi nesse contexto que Hugueney insistiu que "não há decisão de não recorrer", porque afinal é um direito do país. Recentemente, Washington anunciou que eliminaria os subsídios à exportação (Step 2). Mas até agora nada indicou sobre os subsídios domésticos. Se o Brasil volta à OMC, é para obter autorização ao seu pedido de retaliar os americanos em US$ 1 bilhão, mesmo se na prática nunca aplique a sanção. O desenrolar da disputa é vista com enorme interesse na cena comercial. Tanto pelo impacto que tem no comércio internacional, como pela atitude brasileira, considerando seu papel de líder nas negociações agrícolas.